12/03/2019, 08:02
Novos aglomerados estelares são identificados por astrofísicos da UFMG
Os resultados de um estudo conduzido por astrofísicos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ganharam espaço na conceituada revista científica inglesa Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. Os pesquisadores identificaram três novos aglomerados de estrelas em movimento na Via Láctea e os batizaram em homenagem à universidade.
Cada um desses sistemas, com diâmetro entre 13 e 19 anos-luz, reúne mais de 200 astros ligados por meio da gravidade. Um deles, registrado com o nome de UFMG 1, tem cerca de 800 milhões de anos. Já o UFMG 2 existe há aproximadamente 1,4 bilhão de anos e o UFMG 3 tem idade estimada em 100 milhões de anos. Um aglomerado é formado por estrelas que nasceram simultaneamente na mesma região, têm características físicas semelhantes e se movimentam de forma muito parecida.
Voltada para a divulgação de pesquisas originais sobre astronomia, astrofísica, radioastronomia, cosmologia e projetos de instrumentos astronômicos, a publicação inglesa circula desde 1827 e é uma das mais antigas do mundo. “A Monthly Notices of the Royal Astronomical Society está entre as quatro revistas internacionais mais importantes na área de astronomia”, avalia Wagner Corradi, um dos cinco pesquisadores do Laboratório de Astrofísica da UFMG que participaram do estudo.
A pesquisa baseou-se na análise de dados e imagens celestes obtidos pelo satélite Gaia, da Agência Espacial Europeia. As imagens captadas foram tratadas e disponibilizadas para acesso ao público. De acordo com Wagner Corradi, o satélite Gaia ofereceu dados com precisão sem precedentes na astrofísica. Ele foi lançado em dezembro de 2013 com o objetivo de mapear mais de 1 bilhão de estrelas. “É um volume absurdo, jamais alcançado na história. E isso está fazendo uma revolução, proporcionando uma série de descobertas”, diz Corradi.
De acordo com o pesquisador, os três aglomerados estelares foram identificados em uma região muito densa. O doutorando Filipe Andrade, que integra a equipe, vinha desenvolvendo técnicas para reconhecer os objetos nesses ambientes. “Um dos dados que o satélite Gaia nos dá e ajuda nessa identificação é a paralaxe [diferença na posição aparente de um objeto visto por dois observadores em pontos diferentes] que, em última medida, nos diz sobre a distância dos objetos”, acrescenta Corradi.