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06/11/2018, 10:38

O incêndio continua

por Adelmir Santana

A tragédia do Museu Nacional ainda arde. Tamanha a catástrofe e a perda irreparável para a humanidade. Já o fogo que reduziu séculos de história a pó, continuará a queimar enquanto não houver uma autocrítica e uma definição de prioridades. Chega a ser um ato de irresponsabilidade pensar nesse desastre e não voltar os olhos para a conservação de todos os outros museus e do restante do patrimônio histórico, artístico e cultural brasileiro. Como estão os nossos equipamentos hoje e o que estamos fazendo para conservá-los? São perguntas que todos os cidadãos e gestores deveriam estar fazendo neste momento.

O erro está em acreditar que investir em cultura, por exemplo, não é uma prioridade. Está mais do que comprovado o impacto positivo que atividades culturais e artísticas têm na educação, no turismo, na segurança e até na saúde da população. É necessário apontar o que é primordial: construir estádios ou investir no básico? Também precisamos estabelecer planos e ações. O Estado não foi capaz até aqui de gerir seus equipamentos. O Museu de Arte de Brasília está fechado desde 2007. O Teatro Nacional não abre desde 2014, só para citar alguns. Não seria o caso de passar a direção dessas instituições para fundações independentes, que possam receber recursos privados? Em Brasília, isso é ainda mais grave porque toda a cidade está tombada. Se riscarmos um fósforo, milhares de outros museus pegarão fogo. O incêndio do Museu Nacional só acabará quando mudarmos a nossa visão sobre patrimônio.