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20/12/2019, 12:43

Libertador liberto

É nosso empenho, na Religião do Terceiro Milênio, apresentar um Jesus dessectarizado, sem arestas, para que Ele possa surgir em toda a Sua Divina Grandeza com poder e autoridade, a toda e qualquer consciência do mundo. Grafei este conceito da dessectarização do Cristo, durante uma entrevista que concedi, em 1989, ao produtor de documentários da TV polonesa, então vice-presidente da Associação Universal de Esperanto, jornalista Roman Dobrzy?ski. Na ocasião, Roman, ao analisar a missão do Templo da Boa Vontade, que eu inauguraria em 21 de outubro daquele ano em Brasília/DF, arguiu-me sobre como podia pregar o Ecumenismo Irrestrito falando em Jesus.  Resumindo o que há décadas tenho pregado sobre assunto tão fundamental da doutrina da Religião do Terceiro Milênio, respondi que uma das grandes tarefas da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo é dessectarizá-Lo, pois Jesus é o Cristo Ecumênico. (…) O Divino Mestre não é limitado. Ele é o Ideal Celeste de Humanidade, Amor, Solidariedade, Justiça e Compaixão para todos os Seres Humanos e Espirituais.

Numa das minhas palestras pelo rádio, dezesseis anos após a entrevista à TV polonesa, mais precisamente em 5 de novembro de 2005, durante a Cruzada do Novo Mandamento de Jesus no Lar, que é uma série de programas dedicados a integração das famílias nas Leis de Deus, reforcei o meu pensamento sobre a universalidade da figura do Professor Celeste:

É imprescindível a compreensão de que Jesus não é monopólio de qualquer crença, por mais notável ou elevada que seja. Ele é o Libertador Divino. Compreendido livre do vezo da intransigência, deixa de ser visto como “uma peça” — forma pela qual os escravos eram cruelmente rotulados e tratados.

Libertador sob algemas?!

Desse modo, de mãos atadas, Jesus jamais poderia libertar alguém. Porquanto, não é o Mestre que pertence a nós — argumentação que desastrosamente tem levado a muitos conflitos lastimáveis, na luta por sua propriedade. Pelo contrário, nós é que pertencemos a Ele. (…) É urgente, pois, instruir-se, educar-se, reeducar-se, para devidamente instruir, educar e reeducar em Deus, no Cristo e no Espírito Santo. É a Cruzada de Reeducação Geral da Religião Divina em marcha.

Urge destacar essa qualidade do Taumaturgo Celeste, não obstante a redundância: um Libertador libertário que está realmente liberto. Ele vive acima de nossas medidas de espaço-tempo, que constringem o raciocínio, apequenam a filosofia e a lógica, pois submetem nossos métodos de análise aos parcos sentidos humanos. Apesar de saber que nem a Terra nem mesmo o Sol são o centro do Universo, o ser humano, em número apreciável, continua acreditando constituir o fulcro universal de todo o saber. Essa mentalidade geocêntrica, ou antropocêntrica, ou ambas, geoantropocêntrica, dificulta a dessectarização dos assuntos em debate.

Estamos longe de ser o núcleo do Cosmos. É preciso que a consciência também se livre desses conceitos que a Astronomia já derrubou, mas que ainda estão incrustados, de maneira oculta, na perspectiva humana de pensar. O raciocínio de Joracy Camargo (1898-1973), renomado jornalista, cronista e teatrólogo brasileiro, contribui com esta reflexão ao afirmar que:

— A função do sábio não é condenar, mas investigar e explicar. O que mais o caracteriza é o espírito de tolerância.

Assim ocorre com a Palavra de Deus. Ela não pode ser interpretada como se fosse um cativeiro mental e, sobretudo, espiritual. Sua contundente letra, examinada pelo prisma do livre-arbítrio*5 com que o Pai Celeste nos oferece condições de pensar e agir com responsabilidade, rompe correntes da ignorância espiritual. Ademais, nunca nos esqueçamos de que “Deus é Amor” (Primeira Epístola de Joao, 4:8), razão pela qual Sua Mensagem não pode ser discernida pelo diapasão do ódio. Um primeiro e acertado passo para tal postura é dessectarizar Jesus.

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.paivanetto@lbv.org.brwww.boavontade.com