23/03/2020, 10:21
Bares e restaurantes do Rio não têm caixa para atravessar crise
O Sindicato de Bares e Restaurantes do Município do Rio de Janeiro (Sindrio) avalia que a crise causada pelo coronavírus já está gerando demissões e pode trazer consequências permanentes para empresas do setor, que não possuem caixa para honrar seus compromissos em um cenário de receitas reduzidas ou zeradas. Com as orientações de distanciamento social e restrições ao funcionamento dos estabelecimentos, fundamentais para a prevenção da doença, restaurantes e bares podem ir à falência e fechar mais postos de trabalho se não houver socorro governamental.
O alerta é do presidente do sindicato, Fernando Blower, que defende crédito emergencial para dar capital de giro aos estabelecimentos e auxílio social para compensar a queda na remuneração de garçons e outros profissionais do setor, que recebem de acordo com o movimento de clientes.“O impacto vai ser imediato. As empresas operam com margens muito estreitas e não têm caixa, porque estamos vindo de três anos de crise.
No momento em que essa empresa encerra atividades, ela não tem caixa para mais nada, e se ela não paga nada, não vai pagar aluguéis, impostos, banco, funcionários e fornecedores, que também têm funcionários e compram da indústria”, disse ele, que afirmou que demissões já estão acontecendo. “Dia 5 tem folha de pagamento e vamos perceber claramente qual vai ser a situação”.
“Acredito que a maioria dos restaurantes vai encerrar as atividades. É o que a gente já está levantando. O delivery [serviço de entrega] não é a solução do problema, é um paliativo.
As únicas empresas que conseguem se manter são aquelas que já nasceram exclusivamente para delivery, porque são formatadas para isso. Não têm um salão, não têm um bar e não têm toda uma estrutura. Restaurantes padrão têm no delivery um complemento. Nunca foi a sua principal fonte de receita”.
O Palácio Guanabara divulgou que vai abrir uma linha de crédito de R$ 320 milhões para microempreendedores individuais e micro e pequenas empresas terem capital de giro para atravessar a pandemia.