A ideia era criar um universo sonoro novo a partir da mistura de todas as influências musicais que tenho (Rap, Rock, Música Regional, Pop, Psicodelia, Folk) entre outros estilos que aprecio, o desafio era trazer algo novo para o público sem perder a identidade. Nesse disco me aprofundei mais no canto, me permiti explorar minha voz além do flow, buscar novas melodias que deixassem mais nítidas as canções do meu interior, algo mágico e profundo, algo forte e sincero assim como é o meu povo.

Eu e Carlos Cachaça estamos criando músicas juntos desde 2013, mas disco foi produzido em estúdio entre 2018 e 2019, gravamos as vozes no Locomotiva Estúdio, com Sidney Sohn que também somou com teclados em várias faixas.

Cachaça me ouviu cantar uma vez e disse “Por que você não explora mais isso? Sua voz é linda, você é afinado e cria melodias diferentes” ele me encorajou a isso e eu aceitei o novo desafio. Lembro que íamos para casa dele, ele começava a tocar a viola de dez cordas e eu ia fazendo ‘’embromations’’ arriscando melodias sem letras.

Íamos gravando tudo no celular e dalí a pouco aquilo se tornava uma música, eu sempre criei assim no rap, mas cantando era diferente, algo cheio de emoção e energia, do jeito que vinha na alma eu soltava e aquilo ia tomando forma, até virar partes cantadas, flows e refrãos.

Nesse período também passei por muitas dúvidas sobre tudo, tiveram momentos difíceis e pesados, mas quando me vi sem rumo, minha cultura me estendeu a mão e me trouxe de volta, me guiou e eu retornei a mim com toda potência e fome acumulada, me reconheci outra vez, me aceitei outra vez e tudo que foi escrito, produzido e gravado é da mais pura sinceridade e lealdade a tudo que vivi nesses últimos anos.