06/07/2020, 11:57
Covid-19: a importância de não parar o tratamento contra o câncer durante a pandemia
O tratamento oncológico já é bastante difícil para quem o realiza em épocas normais e, em meio a uma pandemia mundial, as coisas tendem a ficar mais complicadas. Segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Patologia e de Cirurgia Oncológica, desde o início da pandemia de Covid-19 no país, ao menos 50 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer. Outros milhares de pacientes, já com o tumor detectado, tiveram os tratamentos suspensos. Só em abril, cerca de 70% das cirurgias de câncer foram adiadas. Mesmo assim, é preciso entender a importância, mesmo em meio a tanto caos, de manter o tratamento.
Para a oncologista da Oncoclinicas Brasília, Claudia Ottaiano, os tratamentos e consultas devem e precisam ser mantidos durante esse período. “Na doença metastática, adiar o tratamento pode resultar em uma piora do estado geral do paciente e gerar dificuldades de um tratamento paliativo, também sendo indicada a manutenção dos tratamentos como quimioterapia, imunoterapia ou hormonioterapia quando possível”, afirma. A oncologista ainda salienta que a suspensão do tratamento só deve ser feita com a orientação do médico. “A interrupção do tratamento oncológico deve acontecer apenas mediante a infecção confirmada pelo Coronavírus e se o julgamento médico considerar que o tratamento em questão, como um quimioterápico, resulte em um aumento do risco de complicações pela infecção”, explica a médica.
Ainda de acordo com oncologista da Oncoclinicas Brasília, o mesmo deve ocorrer com as cirurgias: elas devem ser mantidas caso o médico cirurgião julgue que o atraso da abordagem possa resultar em um pior diagnóstico. Em relação aos cuidados que os pacientes com câncer devem tomar para a prevenção do Covid-19 são os já conhecidos uso de máscaras, lavagens de mãos frequentes e o isolamento social. Porém, os enfermos oncológicos apresentam maior risco de complicações que a população em geral quando infectados pelo Coronavírus. “Os dados nessa população ainda são muito restritos e iniciais, mas alguns estudos sugerem mortalidade até 3 vezes maior em pacientes com câncer quando comparados aos pacientes não oncológicos”, afirma a especialista.
Outro ponto abordado por Claudia foi a importância da Telemedicina, aparato tecnológico muito útil neste período de isolamento social. “A Telemedicina se tornou uma ferramenta essencial nesse processo, permitindo avaliação dos sintomas, análise de exames laboratoriais e de imagens, bem como orientação e tratamento das condições relacionadas ao câncer. A experiência tem sido muito satisfatória e representa muitas vezes um acalento ao isolamento físico social deste momento”, finaliza a médica.