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04/10/2020, 18:43

Dia dos Animais: ameaçada, onça-pintada é monitorada na Mata Atlântica

São 20 câmeras instaladas, ligadas e bem presas a árvores. O sensor de movimento e o dispositivo de modo noturno com infravermelho, acionados. Em uma área de 31 mil hectares de Mata Atlântica, um grupo de pesquisadores está em busca de imagens da rara onça-pintada, maior felino do continente americano. Nesse bioma, a onça-pintada está criticamente ameaçada de extinção. Neste domingo (4), Dia Mundial dos Animais, será mais uma jornada de coleta de dados das câmeras. Imagens inéditas no Vale do Ribeira serão reveladas nos próximos dias e mostrarão por onde os bichos estão.

O projeto desenvolvido pela organização não-governamental Onçafari e pela reserva Legado das Águas, no Vale do Ribeira, no interior de São Paulo, reúne pesquisadores das duas entidades para identificar, monitorar e depois estudar esses raros indivíduos no local.

Toda pista pode ser fundamental para conservação de felinos ameaçados. O retrato do momento preocupa entidades e especialistas pelo desequilíbrio que o desaparecimento de um animal desse porte pode causar.

Segundo o biólogo e pesquisador da Onçafari Leonardo Sartorello uma eventual extinção da onça-pintada, que está no topo da cadeia alimentar, pode trazer consequências imensuráveis para todo o ecossistema. Entre as presas naturais, estão os animais silvestres, como capivaras, jacarés, queixadas, veados e tatus.

Onças-pintadas precisam de espaço

A onça-pintada (que inclusive está representada na nota de R$ 50) é o maior felino do continente americano e pode chegar a mais de 130 quilos. O biólogo explica que tem por característica ser um animal de tocaia, mas também costuma percorrer longas distâncias.A desconfiguração do habitat é ameaça real para a espécie que precisa de espaço preservado e corredores para sobreviver.

Justamente para garantir a continuidade da espécie, é que o projeto no Vale do Ribeira segue cada rastro desses habitantes das nossas matas.

Fundador da Onçafari, Mario Haberfeld, ressalta que onças-pintadas já foram avistadas naquele trecho da Mata Atlântica. De acordo com os pesquisadores, a população de onças estimada em todo esse bioma é de aproximadamente 220 indivíduos e, por intermédio da tecnologia das câmeras, os especialistas buscarão pistas e rastros dos animais a serem protegidos. “A região [no Vale do Ribeira] é o local ideal para conseguir fazer esse trabalho. É uma área protegida e cuidada”, destaca.

De acordo com David Canassa, diretor da reserva Legado das Águas, o Vale do Ribeira abriga mais de 13% de todas as espécies animais ameaçadas de extinção na Mata Atlântica. “Nós já fizemos um rastreamento de como esses animais andam na Mata Atlântica. Agora será um trabalho de muito mais precisão”.

Uma característica dessa busca científica é que a identificação das onças-pintadas, por exemplo, se dá pelas rosetas (as pintas), que têm papel equivalente ao das impressões digitais nos seres humanos. Haberfeld explica que, após a coleta dos dados, será possível traçar os rastros dos animais, quais espécies estão presentes e, no caso dos felinos, identificar até mesmo em quais árvores sobem ou arranham para marcar território.