27/10/2020, 22:10
CPI discute violência contra mulheres negras no Brasil
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Feminicídio da Câmara Legislativa do Distrito Federal discutiu em reunião virtual, a violência contra mulheres negras, com a participação de especialistas sobre a temática. De acordo com os dados apresentados, as mulheres negras são as maiores vítimas de violência doméstica e familiar no DF e no Brasil.
Segundo o relator da CPI, deputado Fábio Felix (Psol), levantamento do IPEA e do Fórum de Segurança, aponta que em 2019, 4.519 mulheres foram assassinadas. Deste total, 68% eram mulheres negras. Além disso, a violência contra as mulheres negras tem crescido, enquanto os casos envolvendo mulheres não negras têm apresentado queda. Na opinião de Felix, está muito nítido que casos de violência contra mulheres brancas causam maior comoção na sociedade. Para ele, o dado reforça a existência de racismo estrutural na sociedade.
Especialistas ouvidas pela CPI apontaram o passado escravocrata, o racismo e a pouca participação de mulheres negras nos espaços de poder como fatores que explicam. Vera Lúcia Santana Araújo, advogada, ativista da Frente de Mulheres Negras, que já ocupou cargos no GDF e no governo federal, afirmou que as políticas públicas atuais não conseguem enfrentar o problema da violência contra as mulheres negras. Em seu depoimento, relembrou a luta pela implantação da primeira Delegacia Especial da Mulher (Deam) no DF, “fruto do trabalho dos primeiros movimentos feministas da capital”. Foi muito estarrecedor a constatação dessa realidade”, informou.
Além disso, segundo ela, naquele momento, a visão do secretário de Segurança era de que a instalação da delegacia seria importante para que as esposas de autoridades pudessem registrar ocorrências de delitos praticados pelas empregadas domésticas. Hoje, no entanto, a delegacia é considerada uma ferramenta necessária para enfrentar a violência de gênero.