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04/02/2021, 20:59

MPI abre exposição sobre cura em tempos de pandemia

O Memorial dos Povos Indígenas (MPI), espaço da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) do DF, abre exposição que invoca a limpeza do corpo e da alma em favor da vida. Na língua dos Pankararus, povo que conta 6.500 pessoas, nos municípios de Jatobá, Petrolândia e Tacaratu, em Pernambuco, isso se resume numa palavra: “Yeposanóng”. O mesmo termo dá nome à mostra de dez quadros de Aislan Pankararu, artista indígena e estudante de medicina na Universidade de Brasília (UnB), que se forma este ano.

A exibição coincide com a corrida do imbu (ou umbu), celebrada em fevereiro por esse tronco dos povos originários que se mira na resiliência da árvore do cerrado. O imbu dá uma batata com valor alimentício e é capaz de segurar suprimentos de água em suas raízes – uma metáfora para a força que marca os Pankararus, vítimas de agressões de colonizadores de ontem e hoje.

Cartas da parente Elisa Urbano Ramos também integram a exposição e ressaltam o lado feminino, responsável pela harmonia de forças na cosmogonia (teoria que pretende explicar a origem do universo) desse povo. Aislan atendeu a reportagem da Secec em meio à rotina atribulada que enfrenta como residente do Hospital Universitário de Brasília (HUB). O que ele espera com a exposição? “Eu quero mostrar um pouco de mim, um pouco do que produzo e a relação da minha arte com meu povo”, afirma.  No texto de parede que ajudou a compor, há outras pistas do que a obra do autor, plena de referências ao barro branco usado em pinturas corporais que dão identidade aos Pankararus, representa: “’Yeposanóng’ significa curar-se, é o que desejamos para este ano”. A curadora da mostra, Rafaela Campos Alves, registra que a arte de Aislan Pankararu traz sentimentos daquilo que seu povo quer para este ano: mudança e cura. “O artista renova e amplia sua pesquisa junto ao seu povo e isso transforma sua arte e energia”.