10/02/2021, 21:03
Notificações de hanseníase caem durante a pandemia
Mais da metade dos casos de hanseníase no Brasil não foram notificados em 2020 devido à pandemia, segundo o professor de dermatologia da UNB, Ciro Gomes. De acordo com ele, a média de casos caiu de 28 mil, em 2019, para apenas 13 mil. “Essas pessoas sem diagnóstico terão sequelas e vão transmitir durante todo esse ano”, ressaltou.
Os dados foram apresentados em audiência pública da Câmara Legislativa, realizada em parceria com a Sociedade Brasileira de Dermatologia. Gomes frisou, no entanto, que apesar do Centro-Oeste acompanhar os índices nacionais, o Distrito Federal aumentou o número de diagnósticos, devido ao trabalho de busca ativa.
Para o deputado Fábio Félix (Psol), autor da iniciativa, é necessário dar visibilidade ao tema e elaborar matérias legislativas que possam ajudar no combate à doença.
“A hanseníase está inserida neste histórico de inviabilidade, que tem como consequência muito forte a negligência e a incapacidade do poder público de agir. É preciso falar sobre essa doença”, enfatizou.
A dermatologista do Hran Nádia Barbosa Aires chamou atenção para a necessidade de se procurar atendimento médico logo nos primeiros sintomas. Entre eles, ela destacou o aparecimento de manchas claras ou vermelhas, nódulos ou placas na pele; diminuição ou perda de sensibilidade; inchaço em orelhas e face; perda de força e contratura muscular. Segundo a dermatologista do HUB-UNB, preceptora do programa de residência médica em dermatologia do HUB, Jorgeth Carneiro da Motta, a hanseníase representa a principal causa de incapacidade permanente entre as doenças infecciosas.