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25/02/2021, 09:59

Aquele dia foi louco

por André Cunha

Novas tecnologias e formatos narrativos surgem o tempo todo. Na era das lives, podcasts, web-series e stories, um gênero aparentemente datado volta a dar as caras, e com sucesso: as radionovelas.

Ideais para ouvir dirigindo ou caminhando, as novas radionovelas exploram as incríveis possibilidades expressivas inerentes ao desenvolvimento tecnológico. Contando com uma sonoplastia de ponta, a série Histórias de Brasília, produzido pelo projeto BSB 61 e dirigido por Igor Silveira e Michele Chiappa, aborda a história da capital valendo-se de uma notável capacidade de contextualização histórica.

No primeiro episódio da série, já disponível no Spotify e outras plataformas, dois amigos, Sérgio e Fernando, passeiam pela segunda metade da década de 80. Da frustração com a campanha das Diretas Já, passando pela morte de Tancredo até a promulgação da Constituição em 1988, eles circulam por uma Brasília cheia de referências saborosas pra quem viveu aqueles tempos de outrora ou pra quem se interessa pela história da cidade.

Os personagens andam de zebrinha, frequentam o Panelão, a Bibabô, o Venâncio, o Gilberto, tomam sol na piscina de ondas, comem pastel na Viçosa, cabulam aula na UnB, socializam no Chorão e fazem planos de dançar na boate Zoom, pois “lá só toca música boa e lá só tem princesa.”

A certa altura também falam, com ares de intimidade, sobre o fatídico show do Legião Urbana no Mané Garrincha que terminou em quebra-quebra. “Aquele dia foi… (reticências).”

Destaque pra trilha sonora, que conta com clássicos do rock nacional, e pra edição caprichada, repleta de áudios originais da época. Ouvir Histórias de Brasília andando por suas ruas é uma experiência curiosa e divertida, quase uma viagem no tempo.

Os próximos episódio vão tratar de assuntos igualmente célebres, como a saga de Juscelino e o crime da menina Ana Lídia.

O passado está na moda.

 

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