Uma família que usa a esperteza e o bom-humor para enfrentar as dificuldades impostas pela natureza e por gente mais poderosa que eles. Essa é a história de muita gente no Brasil e a identificação recheada de comédia que ela traz é a grande graça do espetáculo “Bendito, Abençoado e Bendizido”, que o grupo bonequeiro Mamulengo Fuzuê apresenta nas redes sociais da BDB Cultural, dia 28, domingo, às 17h.

Protagonizada por bonecos como Benedito, Anaconda e Capitão João Redondo, a peça com cenas repletas de improviso e de canções populares executadas pelos músicos brincantes será adaptada para as redes da iniciativa em um formato diferente: um vídeo foi gravado e com elenco reduzido, respeitando as recomendações sanitárias de distanciamento social.

“A gente foi se adaptando ao on-line, fazendo oficinas, espetáculos em vídeo, então agora é tudo mais fácil. Não tem como não ficar contente de saber que de alguma forma a gente consegue continuar chegando às pessoas, continuar resistindo para compartilhar esse trabalho que é tão singelo, mas tão importante para dar continuidade às tradições, mesmo que com alguma adaptação”, afirma Thiago Francisco, criador e diretor do Mamulengo Fuzuê.

O resgate tradicional

A manutenção das tradições é fundamental para o grupo, afinal Thiago fundou este “folguedo”, como ele define, em 2007, justamente para recuperar um aspecto da cultura popular que vinha perdendo espaço nos espaços urbanos. Ele deixa claro, porém, que manter as tradições está longe de ser inflexível. “Esse brinquedo resistiu a tantas mudanças em tantos anos se readaptando ao tempo que com certeza vai se adaptando quantas vezes for necessário para estar sempre próximo de seu público.

Claro que a pandemia nos obrigou a ser criativos, mas a história do mamulengo é de gente e arte queresiste à adversidade, então vai resistir à pandemia. Isso já está acontecendo”, aponta ele. A curadora de artes cênicas da BDB Cultural, Alessandra Barros, ressalta também a importância dessa continuidade proposta pelas novas gerações de bonequeiros. “O mamulengo é um fenômeno vivo, dinâmico, em constante processo de mutação. As estórias contadas tem a beleza de serem, em geral, improvisadas pelos mestres mamulengueiros de acordo com a situação e a reação  do público, incluindo a plateia em tramas que misturam animais, profissões e entidades sobrenaturais do nosso imaginário”, afirma.