10/08/2021, 19:33
Marinha faz desfile com carros blindados na Esplanada dos Ministérios
Tanques e outros veículos militares blindados desfilaram nesta terça-feira, 10, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para entregar um convite ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para participar de um exercício militar na semana que vem na cidade de Formosa, no estado de Goiás. A exibição militar ocorre no mesmo dia em que ocorre a votação da PEC do voto impresso no plenário da Câmara dos Deputados. O comboio de cerca de 150 veículos faz parte da Operação Formosa, treinamento militar promovido pela Marinha, que tradicionalmente não conta com a participação do Exército e da Força Aérea. Parlamentares acusam a execução do exercício, com passagens ostensiva de blindados pela Esplanada, de tentativa de intimidação.
Bolsonaro recebeu o convite ao lado dos comandantes do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, da Marinha, Almir Garnier Santos; do chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, general Augusto Heleno; do chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, Laerte de Souza Santos; e do ministro da Defesa, Walter Braga Netto. “É um absurdo inaceitável. Não é um teatro sem consequências, mas um ataque frontal à democracia que precisa ser repudiado”, disse Aziz. “Desfiles como esse serviriam para mostrar força para conter inimigos externos que ameaçassem nossa soberania, o que não é o caso. As Forças Armadas jamais podem ser usadas para intimidar sua população, seus adversários, atacar a oposição legitimamente constituída.
Não há nenhuma previsão constitucional para isso”, completou. Segundo o Comando da Marinha, o objetivo do desfile foi convidar o presidente Bolsonaro para participar do treinamento em Formosa, que é realizado desde 1988. Porém, o convite costumava acontecer em gabinete, de forma protocolar. É a primeira vez que esse desfile ocorre na área central de Brasília. De acordo com a Marinha, a operação tem o objetivo de “assegurar o preparo do Corpo de Fuzileiros Navais como força estratégica, de pronto emprego e de caráter anfíbio e expedicionário, conforme previsto na Estratégia Nacional de Defesa. Este ano, de forma inédita, haverá também a participação de meios do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira, de modo a incrementar a interoperabilidade das Forças Armadas do País”. Ontem, partidos políticos entraram na Justiça para tentar impedir a exibição, mas as ações não tiveram efeito. Também nesta segunda-feira, o presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que não apoia a demonstração e que, se os deputados quiserem, a votação sobre o voto impresso pode ser adiada.
Entretanto, ele não acredita que o desfile tenha relação com a votação. “No país polarizado, isso dá cabimento para que se especule algum tipo de pressão. Entramos em contato com o presidente Bolsonaro, que garantiu que não há esse intuito”, afirmou.
Este ano, a operação envolve mais de 2,5 mil militares, da Marinha, do Exército e da Força Aérea, que simulam uma operação anfíbia, empregando mais de 150 diferentes meios, entre aeronaves, carros de combate, veículos blindados e anfíbios, de artilharia e lançadores de mísseis e foguetes.