17/11/2022, 14:52
Novembro Azul: rastreamento genético como aliado no tratamento do câncer de próstata
Segundo dados do Ministério da Saúde, um em cada nove homens vai receber o diagnóstico da doença ao longo da vida
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) sobre o câncer de próstata revelam um quadro preocupante: até o final do ano estima-se que sejam diagnosticados no Brasil 65.840 novos casos da doença, o que corresponde a 29,2% dos diagnósticos de todos os tipos de tumores registrados no país, fazendo deste o mais incidente entre os homens depois do câncer de pele não-melanoma. De acordo com números do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, de 2019 a 2021, mais de 47 mil mortes foram registradas em razão do câncer de próstata. Só em 2021, 16.055 homens morreram em consequência da doença, o que corresponde a cerca de 44 mortes por dia.
Segundo dados do Ministério da Saúde, um em cada nove homens vai receber o diagnóstico da doença ao longo da vida. O oncologista da Oncoclínicas Brasília, Paulo Lages, afirma que, por conta desses números, as ações de conscientização do Novembro Azul se mostram cada vez mais relevantes e necessárias. “É importante lembrar que esse mês de conscientização vai muito além da próstata. Temos um problema sério quando avaliamos a saúde do homem de uma forma geral. Esse problema vem de berço, porque quando o menino e a menina deixam de se consultar no pediatra, a menina é encaminhada para ginecologista devido ao início da vida reprodutiva, mas o menino não. Ele acaba ficando ‘sem médico’. Não criamos o hábito do menino dar continuidade a esse acompanhamento e por isso, digo que é um problema de berço. A gente acaba falando que o homem é preconceituoso, que tem medo de ir ao médico, que não gosta de fazer o exame de toque aos 50 anos. É por conta disso que existe uma resistência grande e esse fator talvez possa explicar o motivo que a sobrevida do homem é menor. Talvez seja simplesmente porque a mulher tem a cultura de se cuidar mais. O homem tem que aprender a se cuidar um pouco mais e implementar a rotina de fazer todos os exames necessários”, afirma o médico.
O especialista comenta que, atualmente, o teste genético tem sido um grande aliado no tratamento do câncer de próstata, pois é uma estratégia que pode garantir acesso a terapias que só funcionam para pacientes que têm algumas mutações específicas e, com isso, definir condutas para melhora de prognóstico. “ Tendo conhecimento da presença ou ausência de determinadas mutações genéticas, é possível realizar tratamentos específicos e focados no ‘ataque’ à mutação, como o BRCA1, BRCA2 e ATM. Existem outros benefícios do teste e um deles é para família. Através do teste é possível mudar o rastreio dos parentes de primeiro grau. Pais, irmãos e filhos podem ter que ser rastreados de uma forma diferente do que é o habitual para um homem que não tem essa alteração. Sem falar que essa mesma mutação pode ainda estar ligada a mais de um tipo de câncer, como mama e ovário. Com isso, o paciente às vezes começa a checar com mais detalhes outras doenças que, em princípio, não seriam pesquisadas”, afirma.
Paulo Lages ressalta ainda que outro ponto importante do rastreamento é que existem alguns casos de câncer de próstata que, no geral, não precisam ser tratados, mas só acompanhados dentro de uma estratégia chamada vigilância ativa. “Nesses casos, se a gente descobre que o paciente tem uma mutação para câncer de próstata agressivo, pode ser que a melhor opção para ele não seja só o acompanhamento, mas sim o tratamento. A avaliação genética pode também influenciar na decisão terapêutica”, reforça Paulo Lages.
Tratamentos têm evoluído
Entre as boas notícias para os pacientes, o médico da Oncoclínicas Brasília aponta importantes avanços no tratamento do câncer de próstata por meio de novas drogas e terapias modernas. “Atualmente temos vários agentes hormonais, quimioterapias e terapias mais modernas – chamada teranóstico. Esses teranósticos são o que temos de mais recente no tratamento da doença. Assim como as drogas alvo focadas naqueles pacientes com mutações em genes de reparo do DNA (BRCA1, BRCA2 e ATM)”, afirma o médico.
Diagnóstico precoce
Paulo Lages reforça que o diagnóstico precoce de qualquer tipo de câncer é fundamental e está diretamente relacionado com a chance de cura. “Temos que tirar um pouco da nossa cabeça que o câncer de próstata não é uma doença grave. É sim. Não é à toa que é a segunda causa de morte por câncer em homens do Brasil. Só perde para câncer de pulmão. A gente não pode simplesmente banalizar esse tumor. Dados americanos mostram que a cada três minutos um paciente morre de câncer de próstata. Então é sim uma doença que mata e, através dos exames que todo homem acima dos 50 anos deve fazer, auxilia no sucesso do tratamento”, afirma o especialista.
O oncologista ressalta que o diagnóstico precoce também está intimamente relacionado a uma redução de complicações. “Quando descoberto em estágio inicial, menor a chance de consequênciascomo incontinência, impotência e complicações intra-operatórias. , finaliza o Dr. Paulo Lages.
Sobre a Oncoclínicas
Fundada em 2010, a Oncoclínicas (ONCO3) é o maior provedor de tratamento oncológico do Brasil e da América Latina. O grupo conta com 129 unidades, entre clínicas de especialidades, diagnóstico e prevenção do câncer, centros ambulatoriais de tratamento infusional e radioterapia, laboratórios de genômica, anatomia patológica e centros de alta complexidade (cancer centers), estrategicamente localizados em 35 cidades brasileiras. Desde sua fundação, a Oncoclínicas tem passado por um rápido processo de expansão, com o propósito de elevar e democratizar o acesso ao melhor tratamento oncológico. O corpo clínico da Companhia é composto por mais de 1.900 médicos especialistas com ênfase em oncologia, além das equipes multidisciplinares de apoio, que são responsáveis pela linha de cuidado integral no combate ao câncer. A Oncoclínicas tem parceria exclusiva no Brasil como o Dana-Farber Cancer Institute, um dos mais renomados centros de pesquisa e tratamento do câncer no mundo, afiliado à Harvard Medical School, em Boston, EUA.