Defensora de mais mulheres na política, a Quero Você Eleita (QVE) lançou um movimento para anistiar as dívidas de campanha de candidatas mulheres e negros. A apresentação aconteceu durante café da manhã com prefeitas, desembargadoras, jornalistas, advogadas e outras mulheres que militam em diversos setores, e defendem a equidade de gênero. Segundo a porta-voz do movimento, Gabriela Rollemberg, as candidatas recebem promessas de repasses de recursos durante a campanha de seus próprios partidos. Mas o dinheiro não chega, porque os partidos não dividem com candidatos de minorias os recursos do fundo partidário. Ao final do processo eleitoral, ficam com dívidas que deveriam ter sido quitadas com os recursos públicos que vão para os partidos.

O Brasil ocupa posições consideradas vergonhosas nos rankings internacionais de participação feminina na política. Desde 1997 a legislação eleitoral exige que os partidos políticos tenham pelo menos 30% de candidatas mulheres. Segundo o TSE, entre 2016 e 2022, o Brasil teve, em média, 52% do eleitorado constituído por mulheres, 33% de candidaturas femininas e apenas 15% de eleitas. Esse resultado coloca o Brasil atrás de países cujos regimes políticos nem são considerados democráticos.

Segundo a União Interparlamentar, o Brasil ocupa a posição 129 entre 190 países que fornecem dados sobre a participação das mulheres na política. Somente nas últimas eleições, em 2022, alcançamos a marca de 17,7% de representação feminina na Câmara dos Deputados, com 91 deputadas eleitas para um colegiado de 513 parlamentares. Há apenas 658 mulheres prefeitas, num total de 5570 municípios brasileiros. Mais de 1400 cidades não têm nenhuma mulher entre os vereadores. Na representação feminina, o Brasil fica atrás de países como Ruanda, Cuba e Arábia Saudita.