– Gente! Esse homem horroroso não cansa de chantagear o Lula, não?
– Quem é esse?
– É o Lira. Presidente da Câmara! Já não basta esse congresso cheio de bolsominiom pra tumultuar, fica essa sanguessuga aí exigindo ministério e verba pra votar os projetos do Governo!
– Não é esse aí que tá cheio de processo por corrupção?
– Sim! Caixa dois, rachadinha… O processo contra ele no STF foi arquivado a pedido da Lindora, mas a PF tá na cola.
– E por que ainda tá botando essa banca?
– Ele ficou mal acostumado no desgoverno anterior. Mandava e desmandava, com o orçamento secreto. Mas essa sem-vergonhice acabou, e ele está lutando para não perder mais poder.
– Ai! Tomara enjaularem logo esse aí.
– Nem adianta, Helena! O governo não tem base na câmara, sempre vai precisar negociar com os partidos do centrão e, se esse daí cair, logo aparece outro pra substituir. O Bivar é um que pegaria essa boquinha de bom grado. O partido dele tem três ministérios, mas só vota com o governo quando tem interesse e agora, ainda tá querendo mais.
– Aff! E não tem boa notícia?
– Tem! O coiso já é quase carta fora do baralho. Semana que vem votam a inelegibilidade dele.
– Que beleza! E o povo da lava-jato também tá enrolado, né?
– Muito. O Dallagnol terá que pagar quase três milhões de diárias e passagens gastos indevidamente. E o Moro está escondido. Em vias de ser cassado e, a depender do andamento das investigações, pode até ser preso.
– Quem diria!? Até outro dia desses, era o herói nacional.
– E, agora, tá se revelando um corrupto maior do que quase todos os que condenou por corrupção.
– Um modo bem ruim de ser lembrado.
– Verdade! Ei! E você? Como gostaria de ser lembrada?
– Eu? Quando?
– Quando morrer, ué!
– Credo! Que assunto agourento!
– Não, Helena… Sempre é bom pensar na imagem que vamos construir e que queremos deixar quando morrermos…
– Ué? E tem que construir imagem? Tipo, fingir?
– Tipo ser quem você quer que as pessoas se lembrem que você era.
– Hum… Complicado esse negócio.
– Nada, Helena! Vamos lá! Como você gostaria de ser lembrada?
– Quando morrer?? Ai, dona Zuleica! Quero pensar em morte não! Ficar chamando a indesejada!
– É só uma hipótese, Helena!
– Então, vamos pensar numa hipótese mais bacana…
– Por exemplo…
– Sei lá! Vamos supor que eu enriquei e resolvi me pirulitar pras Europas!
– É… Essa hipótese é boa. Sozinha?
– Acho que posso levar o Roberto…
– O amor é lindo…
– Nem tanto. Mas é o que temos para o momento e… Pera! Já que é só hipótese mesmo, ao invés do Roberto, posso levar o Samuel de Assis?
– Quem?
– Da novela. 
– Pode. Não sei quem é, mas, vamos lá: você ficou muito rica, mudou pra Europa e levou a tiracolo o Samuel…
– De Assis. Da novela!
– Isso! E então? Como é que você gostaria de ser lembrada por quem ficou por aqui?
– Euzinha, podre de rica, morando nas Europas com o Samuel de Assis? Quero ser lembrada, nada, dona Zuleica! Quero mais é que me esqueçam!!

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Imagem gerada pela IA DALL-E