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09/12/2023, 12:33

Feira e talk shows reúnem pensamento e arte indígena em festival nacional

O Festival Brasil é Terra Indígena acontece em Brasília nos dias 13 e 14 de dezembro e vai retratar uma síntese da diversidade de pensamentos e estéticas dos mais de 300 povos indígenas do Brasil com uma ampla feira de arte e uma série de debates de temas urgentes e contemporâneos no país. A Feira de Arte dos Povos Indígenas reúne no edifício anexo do Museu Nacional da República trabalhos de mais de 80 artistas dos seis biomas do território brasileiro, em uma curadoria desenvolvida pelo arquiteto Marcelo Rosenbaum. Já a série de talk shows do Espaço Tecnologia e Ancestralidade, instalado no Auditório II do museu, com capacidade para 80 pessoas, aborda temas que vão da moda à crise climática. 

A Feira de Arte dos Povos Indígenas apresenta e valoriza formas de expressão de artistas indígenas, como uma plataforma para a inclusão social. A feira, aberta nos dois dias de festival das 9h às 20h, tem curadoria do arquiteto Marcelo Rosenbaum e destaca a importância da bioeconomia como ferramenta para a permanência nos territórios ancestrais e a salvaguarda do meio ambiente. Estão convidados para expor seus trabalhos 80 artistas, vindos de todos os seis biomas brasileiros e integrantes dos povos como Yanomami, Macuxi, Terena, Baré, Ashaninka, Kadiwéu, Guarani, Guajajara, Tremembé, Wauja e Mehinaku. “Há muitos anos me relaciono com vários grupos indígenas de todo o Brasil, então a ideia é retratar a diversidade de belezas da arte ligada à ancestralidade, e apresentar a riqueza dos saberes de convivência e proteção desses biomas, porque a relação da arte indígena está muito conectada ao bioma, na relação que se estabelece ao viver completamente integrado na sabedoria da relação com a natureza”, explica Rosenbaum.

O arquiteto curador acredita que a compreensão do que é a arte indígena passa por entender que tanto objetos decorativos quanto aqueles que podem ser usados no dia a dia “reverenciam os animais, a natureza como um todo, mas também serem encantados, seres que estão além do material. Além da beleza, também está o respeito e reconhecimento dos valores que vêm dos saberes e do imaginário dos artistas originários, porque essa é a arte originária do que hoje a gente chama de Brasil. Aí temos mais uma função da feira, que é preservar, honrar e valorizar esses povos e sua arte”, ressalta.

A expectativa de Rosenbaum é de que a feira seja “um espaço de troca para reunir artistas de todos os biomas e que eles se encontrem, se reconheçam, troquem experiências sobre o mercado, oportunidades. E para o público não-indígena se conectar com os artistas, ver a beleza e a pluralidade desses trabalhos. Acho que nunca tivemos uma apresentação da arte e do artesanato indígena representada pelos próprios povos, sem intermediários. E tudo isso vai ocupar um monumento arquitetônico muito simbólico, o que dá muita força e dignidade a esses artistas”, comenta.

O festival é criado e promovido pelo coletivo Mídia Indígena com o apoio institucional do Ministério dos Povos Indígenas e tem como patrocinador oficial o Instituto Cultural Vale, articulação do Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM) e também com o apoio do Ministério da Cultura. A feira e os talk shows têm patrocínio do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.

Debates contemporâneos

Para promover o intercâmbio social e cultural com os povos indígenas, o Espaço Tecnologia e Ancestralidade foi criado para abrigar debates e rodas de conversa. A série de talk shows Comunicação Indígena e Suas Narrativas vai abrigar uma ampla diversidade de temas e pensamentos. Participam deste amplo debate entidades e associações como Mídia Indígena, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Coordenação de Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Grande Assembleia dos Povos Guarani e Kaiowá (ATy Guasu), Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul), Articulação dos Povos Indígenas da Região Sudeste (Arpinsudeste), Comissão Guarani Yvyrupa e o Conselho do Povo Terena.

Japupromti Parkatêjê, do povo Gavião do Pará e membro do Mídia Indígena, explica que “o objetivo é dar visibilidade ao protagonismo dos povos indígenas em diversos temas e a conexão dessa diversidade com a riqueza cultural que existe no Brasil, além de entender as questões específicas de cada povo e buscar soluções coletivas para uma luta que é de todos”. “Pensamos em reunir temas que possam fortalecer a luta coletiva dos povos indígenas de todos os biomas, e vamos discutir desde a moda até questões climáticas”, complementa.

Ele conclui ressaltando que, juntos, os debates vão dar uma panorama em que é possível ver que “ainda podemos garantir um planeta verde, com nossos modos de viver cultural e tradicional, e vamos debater a sociobiodiversidade para mostrar os trabalhos feitos por vários grupos que produzem desde artesanato a alimentação saudável dentro de seus territórios”.

Música

Destaques indígenas na música brasileira contemporânea integram o line-up do festival: Djuena Tikuna, Kaê Guajajara, Siba Puri, DJ Rapha Anacé, Tainara Takua, Gean Pankararu, Heloisa Araújo Tukue, Brisa Flow, DJ Eric Terena, MC Anarandá, Katú Mirim, Òwerá, Edvan Fulni-ô, Suraras do Tapajós, Brô MC’s, DJ Scott Hill, DJ Italo Tremembé, e Grandão Vaqueiro. A proposta curatorial da programação propõe participações e misturas musicais de artistas não-indígenas que ainda serão anunciados pela produção. Integram a programação artistas convidados pelos nomes indígenas, como Gaby Amarantos, Xamã, Lenine, Mariene Castro e  Felipe Cordeiro.

A seleção do line-up do festival prestigiou artistas vindos dos seis biomas brasileiros. Entre os indígenas, integram a lista tanto nomes que já têm uma trajetória na música, quanto revelações. “Queremos dar espaço a quem já tem estrada e a quem está começando. Para promover um grande intercâmbio e fortalecer o teor político do festival, convidamos artistas não-indígenas consagrados na indústria musical que sejam aliados da nossa causa”, explica Priscila Tapajowara, coordenadora do Brasil É Terra Indígena.

Confira a programação completa dos talk shows:

13 de dezembro

11h – Talk Show: Comunicação Indígena e suas Narrativas

Mediação: Erisvan Guajajara – Mídia Indígena

Convidados:

– Samela Sateré Mawé – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib)

– Mitã Xipaya – Coordenação de Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira

(Coiab)

– Sally Nhandewa – Grande Assembleia dos povos Guarani e Kaiowá (Aty Guasu)

– Ziel Karapotó – Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste,

Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme)

– Gabriel Karai – Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul)

– Jovino Guarani – Comissão Guarani Yvyrupa (CGY)

– Cicero Terena – Conselho do Povo Terena

– Vanessa Kaingang – Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (ArpinSul)

14h – Talk Show: Economia ancestral e a Sociobiodiversidade

Mediadora: Tipuici Manoki – Comunicadora e artesã indígena

Convidados:

– Lu Tariano – Coordenadora do Departamento de Negócios Socioambientais da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN)

– Adriana Ramos – Secretária Executiva do Instituto Socioambiental e coordenadora do Observatório do Clima

– Lucia Alberta – Diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai)

– Juliano Salgado – Cineasta e Presidente do Instituto Terra

– Marcelo Rosenbaum – Fundador do Instituto A Gente Transforma, arquiteto e designer

16h – Talk Show: Diálogo sobre a ocupação indígena na moda

Mediação: Samela Sateré Mawé – comunicadora e influenciadora digital

Convidados:

– Patricia Naiara Kamayura – Estilista indígena Xingu

– Rodrigo Tremembé – Estilista e design de moda

– Weena Tikuna – Artista indígena e produtora de moda

– Sioduhi Lima – Estilista do povo Piratapuya

17h30 – Talk Show: Música Indígena no Topo

Mediadora: Djuena Tikuna

Convidados:

– Brô MCs

– Heloisa Araújo Tukue

– Erick Terena

– Gean Pankararu

– Edvan Fulni-ô 

– Owerá

– Katú Mirim

14 de dezembro

10h – Talk Show: Questões climáticas, o que é isso?

Mediadora: Jozileia Kaingang

Convidados:

– Marina Silva – Ministra do MInistério do Meio Ambiente

– Max Maciel – Deputado distrital

– Conceição Amorim – Assistente social e professora do estado do Maranhão

– Beka Munduruku – Comunicadora da Mídia Indígena e do Coletivo Daje Kapap Eypi

– Suliete Baré – Coordenadora geral de Enfrentamento à Crise Climática do Ministério dos Povos Indígenas (MPI)

SERVIÇO
Festival Brasil É Terra Indígena
Feira de Arte dos Povos Indígenas: 13 e 14 de dezembro, das 9 às 20h
Espaço Tecnologia e Ancestralidade: talk shows dias 13 e 14 de dezembro, a partir das 10h
Atrações musicais: 13 dezembro, a partir das 19h, e 14 de dezembro, a partir das 18h
No Museu Nacional da República (Setor Cultural Sul, Lote 2)
Entrada Gratuita
Classificação etária: livre
Instagram: instagram.com/festivalindigena