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26/07/2021, 15:06

A importância da odontologia oncológica durante o tratamento do câncer

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que os casos de câncer aumentarão cerca de 81% nos países em desenvolvimento até 2040. No Brasil, o câncer já é a segunda maior causa de mortes por doença. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o país deve registrar em 2021 cerca de 625 mil novos casos da doença.

A tendência mundial é de que os pacientes diagnosticados com câncer tenham cada vez mais acesso a tratamentos e terapias direcionadas que podem impactar na qualidade de vida. Isso porque cada pessoa reage de maneira diferente ao tratamento e alguns efeitos colaterais são mais frequentes. Entre eles se destacam o surgimento de mucosite ou feridas e uma maior susceptibilidade às cáries, hemorragias e até mesmo infecções. Por isso, é de extrema importância que o paciente faça um acompanhamento odontológico antes, durante e após as terapias para o câncer.

Segundo a dentista especialista em tratamento oncológico da Oncoclinicas Brasília, Carina Veiga Jardim, qualquer um desses sintomas, podem trazer uma série de complicações para o tratamento. “ Esse acompanhamento é fundamental para minimizar as complicações que podem aparecer e consequentemente previnir e tratar as lesões de boca para que o paciente tenha menor risco de infecções e uma melhor qualidade de vida ”, afirma.

Abaixo a especialista esclarece dúvidas frequentes sobre o assunto:  

1-Pacientes oncológicos devem ir ao dentista antes de iniciar tratamento?

Sim. A cavidade bucal, como um local integrado aos demais sistemas do organismo, pode ser porta de entrada de agentes agressores, o que pode ter um papel negativo durante o tratamento oncológico. Uma condição oral inadequada com focos de infecção, que podem ser por exemplo uma doença periodontal, uma cárie extensa, uma raiz residual, dentes com mobilidade, pode expor o paciente a um alto risco de infecções locais e sistêmicas, pois os pacientes que são submetidos ao uso de quimioterápicos por exemplo, ficam com o sistema imunológico mais debilitado. Além disso, é importante que o cirurgião-dentista se inteire sobre a história da doença primária, o tratamento o qual o paciente será submetido para estabelecer algumas condutas que se iniciam com a prevenção, remoção dos focos orais antes de ser submetido ao tratamento oncológico, seja ele com quimioterapia, radioterapia na região de cabeça e pescoço ou transplante de medula óssea.

2- Como é feito o tratamento odontológico em pacientes com câncer?

Se o paciente estiver realizando um tratamento oncológico e precisar ir ao dentista, é importante que avise o seu médico antes de realizar qualquer intervenção. Essa é a conduta indicada para que haja uma interação entre a equipe multidisciplinar aonde será escolhido o melhor momento para a intervenção odontológica. Manobras cirúrgicas eletivas durante o tratamento antineoplásico não são recomendadas. Elas estão indicadas somente em caráter de urgência. É importante que o dentista esteja ciente da condição sistêmica do paciente, assim como sobre qual o tratamento que o paciente está sendo submetido.

3- Efeitos colaterais: qual a relação entre quimioterapia, radioterapia e a odontologia?

Existe uma relação direta entre os efeitos causados por essas terapias e a odontologia, uma vez que são os cirurgiões-dentistas que irão diagnosticar, prevenir, controlar e tratar os efeitos colaterais. Estas mudanças variam de paciente para paciente e podem aparecer com maior ou menor frequência e gravidade, a depender da idade, tipo de câncer, esquema de tratamento e presença de outras doenças de base.

4 – Quais as complicações bucais os pacientes podem ter durante e depois do tratamento?

São diversas as manifestações orais que podem acometer os pacientes oncológicos como alterações salivares, mudança de paladar, mucosite oral, cárie de radiação, desenvolvimento de doenças oportunistas como infecções fúngicas e virais, além de alterações no tecido ósseo, como a osteonecrose associada a medicamentos e a osterorradionecrose.  

5- Dicas

– Utilize sempre uma escova dental macia, 

– Evite alimentos quentes e ácidos,

– Caso haja início dos sintomas, entre em contato com a equipe médica e de odontologia oncológica.