Menu

04/06/2021, 11:47

Adversativas

Ando meio dividida… Se, na semana passada, falei sobre o paradoxo vegano diante de avanços científicos importantes que implicam em sofrimento animal, hoje, preciso falar das manifestações do último sábado.
Sim! Aquelas pessoas me representam, me animam, querem, como eu, o fim da tragédia que se instalou no país, ao contrário das que povoam os “protestos a favor” do presidente.
Mas… E tem sempre um “mas”. Neste caso, vários.
Não era a hora de aglomeração diante do recrudescimento da segunda onda da COVID, pois, além dos riscos óbvios, ainda demos munição para os bolsonaristas atacarem o que chamam de incoerência por críticas aos covidões deles.
Mas, as passeatas ocorreram ao ar livre, com menor probabilidade de contaminação, os participantes estavam de máscaras e respeitaram algum distanciamento, e, como disseram os organizadores, Bolsonaro é pior que o vírus.
Mas, é pouco provável que o evento acelere o fim da política genocida. Arthur Lira não vai largar o osso e desengavetar algum dos mais de cem pedidos de impeachment, enquanto obtiver vantagens do Planalto. Espera-se que o tratoraço mantenha o apoio do Centrão até às vésperas da formação de coalizões para 2022.
Mas, esse apoio pode ser abalado pelos gritos das ruas, à medida que eles se tornam maiores e mais frequentes.
Mas, as campanhas para enfraquecimento do governo tornarão cada vez mais caro o fisiologismo.
Mas, isso também é motivo de tomarmos as cidades, com nossas bandeiras e cartazes.
Mas, é melhor aguardarmos a imunização coletiva. Precisamos estar vivos para as eleições.
Mas, quanto antes testarmos o espaço democrático, mais cedo evidenciaremos a existência das forças repressoras que vêm sendo carinhosamente cultivadas pelo capitão. Não se combate o que não se conhece.
Mas, antecipar essa luta pode produzir muito mais vítimas do que estamos dispostos a suportar.
Mas, e quanto às vítimas da COVID? Quantas mais suportaremos?
Mas, que não sejamos nós a produzi-las.
Para isso, basta a Copa América.