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20/12/2021, 21:17

“Asa leve que rasga ao vento”

Asa leve que rasga ao vento é um videodança que investiga as tensões do existir a partir de questões existenciais sobre alteridade e o sentimento de pertencimento. A criadora e performer Tauana Parreiras realiza um mergulho no seu próprio inconsciente, acessando um universo de sensações e sentimentos que faz de seus conflitos corpo numa tentativa de processar os mais profundos questionamentos sobre vida e morte. 

No processo criativo, a autobiografia foi o ponto de partida para a pesquisa de movimento baseada em improvisações. Os achados da investigação ultrapassam a dimensão pessoal ao “provocar reflexões sobre a condição humana e o estado de crise que vivemos”, explica a performer. Para ela, “há crises pessoais e coletivas que flagram uma crise maior, de representação”, constata. As diversas maneiras como o mundo é traduzido em imagens, gestos, conceitos e ideias, segundo ela, “têm carecido de sentido por não conseguirem nos fazer compreender melhor esse espaço, nem vislumbrar formas de mudá-lo ou mesmo sustentá-lo, causando um grande mal-estar”, avalia, que aponta, “encarar esses conflitos sem solução parece, de forma paradoxal, criar um alento”.

Entre a dor e o prazer de aceitar a própria condição e ser quem se é, há uma espécie de plenitude e equilíbrio. A sucessão de imagens, paisagens internas e externas criadas para o vídeo visitam as sensações e reverberações do inconsciente disparadas ao processar os desdobramentos dessas reflexões. Com a colaboração da coreógrafa Luciana Lara, que no trabalho exerce a função de dramaturgista, as imagens de Thaís Mallon e a edição de Isabelle Araújo, a performer e dançarina Tauana Parreiras concebe uma dramaturgia e uma obra coreográfica que desconstrói sentidos narrativos e virtuosos para alcançar uma perspectiva íntima e íntegra de uma experiencia interna.

Quem assiste o videodança é testemunha de uma viagem emocional e convidado a engajar em uma perspectiva sensória com o simples e com o ritmo da sucessão de imagens e pequenos movimentos A provocação que levou a intérprete-criadora Tauana Parreiras a conceber o projeto nasceu do desejo em questionar a fuga para o que é superficialmente belo e agradável.

Na contemporaneidade, em meio a tantas crises pessoais e coletivas, “precisamos compreender como encontrar nosso centro, como lidar com as diversas tensões internas e encarar nossos conflitos”, reflete Tauana. Na visão da artista, “vivemos uma massificação cultural cada vez maior, na qual setores da sociedade e do Estado tentam suprimir o estranho, o diferente e o outro”, detalha. Com isso posto, “procuro desenvolver um trabalho que instigue o público a voltar o olhar para questões do universo interno, que envolvem aspectos ligados à identidade e pertencimento, mas podem ir para além destes. Essas investigações internas são um passo importante se quisermos chegar em algum senso de equilíbrio, especialmente em meio ao caos.” Explica Tauana. Assim sendo, Tensões do existir: diálogos e dança promoveu duas oficinas de dança contemporânea. Nestes espaços, participantes foram convidados a experimentar no próprio corpo como é transformar esse tema em movimento. Foram realizadas, ainda, quatro lives com profissionais da psicologia, filosofia, artes visuais e dança, nas quais o público pode participar por meio do chat.