Vender bolos foi a única alternativa para ajudar no orçamento familiar e cuidar dos filhos que nasceram prematuros extremos, ela acumulou conhecimento, que hoje repassa para mais de 12 mil boleiras aprendizes em todo o Brasil e até no exterior. Fernanda Yamao colocou literalmente a mão na massa quando viu que o orçamento da família estava cada dia mais comprometido. Da limitação ao ambiente familiar durante o dia, para cuidar de seu casal de gêmeos, surgiu um negócio de milhões. A advogada começou a fazer bolos com as receitas de sua obatian (avó em japonês). No entanto, a ideia era aumentar o orçamento da casa em mil e poucos reais. Logo nos primeiros meses, seu faturamento chegou a R?6 mil por mês. No começo ela relutou em expor seus produtos na internet, mas o que não sabia era que, compartilhar conhecimento se tornaria a alma do seu negócio futuramente. Hoje fatura mais três milhões de reais, com mais doze mil boleiras aprendizes em todo o Brasil e até no exterior.

Eram de 50 a 60 bolos por dia trabalhando com o que eu tinha dentro da própria cozinha e, segundo ela, só não vendia mais porque não conseguia produzir mais. Morando em Ouro Preto do Oeste, distante 330 km da capital do Estado, Porto Velho, passou a vender também para cidades vizinhas e a renda dos bolos superou a renda como advogada.  Logo, a boleira ficou bem conhecida e seus próprios clientes comentavam com conhecidos sobre o sucesso dos bolos caseiros.

Ela conta que começou a receber mensagens de pessoas pedindo dicas sobre culinária e empreendedorismo. Houve objeção no começo porque apesar de saber fazer bolos para consumo em casa, não gostava de redes sociais, morria de vergonha de vender, não sabia como cobrar e tinha muito medo de não dar certo, mas como naquele momento a única coisa que sabia fazer era bolo caseiro, resolveu arriscar. “Quando dei por mim criei meu próprio método de fazer e vender em casa e ter uma renda maior que muitas pessoas formadas”, alega.

Trabalhar em casa era sua maior necessidade, já que precisava cuidar e dar atenção às crianças, que nasceram prematuras extremo. No começo ainda conciliou o restaurante da família com a atuação de boleira e decidiu que iria abandonar a advocacia para poder acompanhar os filhos mais de perto.  A história com a venda de bolos caseiros começou em 2015 e, ensinando as pessoas, em 2019.

Durante esses anos houve o aperfeiçoamento das técnicas de preparo para deixar os bolos mais gostosos e proporcionar uma rotina mais leve.  Nessa época passou a divulgar mais seus produtos, desenvolveu algumas técnicas para fidelizar clientes e começou a vender mais.  Conforme publicava a foto de um bolo, muita gente pedia dicas e até a receita. “Eu falava o que eu fazia para vender o que produzia, passava algumas dicas e com o tempo fui vendo que só isso já estava gerando resultados nas pessoas”, revela.

Na internet, atualmente, são milhares de seguidores e suas lives chegam a bater mais de 5 mil conexões. Entre o público há donas de casa, boleiras, curiosos e gente em busca de um novo negócio. Algumas de suas alunas já faturam mais de 15 mil reais por mês com bolos.  “Eu tenho muito orgulho de ver onde elas são capazes de chegar”, comenta Fernanda e completa que uma de suas alunas já têm duas lojas de bolos em São Paulo e se prepara para abrir a próxima.

Os alunos contam com uma equipe de suporte para tirar suas dúvidas, sempre com a supervisão atenta dela, que pretende lançar, em breve, uma mentoria para acompanhar as alunas que já chegaram aos 5 mil de faturamento. “Temos muitos casos emocionantes de alunas que estavam na pior, alunas que vendiam trufas no sinal, alunas que estavam em depressão, que já chegaram a passar fome e hoje são boleiras de sucesso”, se alegra Fernanda. 

O interesse pela culinária foi herdado da obatian e para a culinarista, propagar as receitas dela, é uma forma de manter viva a sua memória. “Tudo que ela fazia era bom. Hoje já não está mais conosco, mas não há um dia que não pense nela. E quando estou na cozinha fico em paz e me sinto mais perto dela”, conta. Antes de se lançar aos bolos, ela tinha um restaurante oriental com seu marido e, tanto os bolos, quanto os pratos do restaurante foram criados a partir dos ensinamentos da obatian. “Mesmo não estando mais conosco ela é muito presente em nossas vidas”, se emociona.

Hoje Fernanda se considera uma pessoa livre, que faz o que ama, ajuda pessoas a ganhar dinheiro de forma íntegra com isso e pode trabalhar de onde estiver. A boleira acredita que seu grande diferencial vem da própria história. “Sou uma pessoa transformada pelos bolos caseiros, pela proximidade que tenho com meus alunos e minha audiência, simplicidade do método que ensino, que qualquer pessoa é capaz de aprender, aplicar e ter resultados”, avalia.