30/01/2020, 15:26
Câncer de colo do útero – fique atento aos primeiros sinais
Janeiro é o mês de prevenção ao câncer de colo do útero, também chamado de câncer cervical. Esse tumor é o terceiro mais frequente na população feminina. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de colo do útero atinge mais de 16 mil mulheres no Brasil por ano, com um risco estimado de 15,43 casos a cada 100 mil mulheres.
O principal causador da doença é o contágio pelo chamado papilomavírus humano – conhecido como HPV. Segundo o Ministério da Saúde, 75% das brasileiras sexualmente ativas entrarão em contato com o HPV ao longo da vida e cerca de 5% delas irá desenvolver câncer de colo do útero em um prazo de dois a dez anos. Por ser uma doença silenciosa cerca de 35% dos casos acaba levando à morte.
De acordo a oncologista da Oncoclinicas Brasília, Flávia Neves, algumas células do colo do útero têm uma tendência de se replicarem muito e o vírus HPV, ao invadir essas células, se aproveita desse maquinário celular para se reproduzir também. “Em alguns casos, o vírus estimula uma replicação celular desordenada e intensa, permitindo mutações que podem transformar essas células em cancerígenas e, assim, originar a doença” afirma a especialista.
Segundo a oncologista, o início precoce da vida sexual, a multiplicidade de parceiros sexuais, a presença de outras infecções sexualmente transmissíveis, como herpes genital, ou mesmo a paridade elevada (paciente com muitos filhos) estão associadas a maiores incidências de câncer de colo uterino. “Estudos também sugerem um risco maior nas pacientes que utilizam anticoncepcional oral há longo prazo. Além de essas pacientes muitas vezes não usarem camisinha (que seria um fator protetor), o hormônio presente nesses compostos poderia atuar como um cofator e estimular a proliferação dessas células do colo, favorecendo a intervenção do HPV. As fumantes também apresentam risco maior, pois algumas substâncias presentes no cigarro atrapalham a destruição do HPV pelo nosso organismo e favorecem o desenvolvimento de mutações nessas células. Fatores relacionados a baixa imunidade da paciente, como em casos de substâncias imunossupressoras (comum em pacientes transplantadas) ou de infecção pelo vírus HIV, também favorecem o desenvolvimento da doença”, explica a médica.
O câncer de colo de útero tem o desenvolvimento lento e em fase inicial, costuma não apresentar sintomas, por isso é importante consultar o médico ginecologista periodicamente e realizar os exames de rotina anualmente. Nos casos mais avançados, pode ter sangramento vaginal intermitente (que vai e volta) ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais.
Para a Dra. Flávia, a prevenção é um dos principais aliados no combate ao câncer de colo do útero. “A vacinação contra o HPV representa a melhor forma de prevenção primária. Hoje existe ela é distribuída gratuitamente pelo Ministério da Saúde para meninas de 9 a 14 anos e para meninos de 11 a 14 anos. Além disso, pessoas com imunodeficiência podem ter acesso à vacina entre os 9 e 26 anos de idade, de graça também. Além disso, tem-se o rastreamento periódico indicado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) do Ministério da Saúde para todas as mulheres de 25 a 64 anos, que já iniciaram atividade sexual, como o exame do Papanicolau. Indica-se um exame anual por 2 anos consecutivos e, se negativos, o rastreio pode ser feito a cada 3 anos”, reforça a oncologista da Oncoclinicas Brasília. O câncer de colo do útero tem cura, especialmente quando ele é diagnosticado e tratado precocemente, ainda em suas fases iniciais.