18/11/2021, 10:30
Candidatos debatem o futuro da OAB-DF
As eleições para a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Distrito Federal (OAB-DF) ocorrem no próximo domingo (21), no formato on-line. Em entrevista ao Alô Brasília, o candidato a presidente da Subseção de Sobradinho Arthur Gurgel e a vice Denise Moreira falam sobre representatividade e projetos:
1. O Conselho Federal da OAB estabeleceu a necessidade de paridade de gênero nas eleições para a Seccional e Subseções. A OAB-DF tem mais da metade de mulheres inscritas em seus quadros e pouco mais de 20% destas ocupam cargos de gestão. Como você poderá ser um diferencial?
Atuo como advogada e professora há mais de 15 anos, especialmente nas áreas de direito civil, direito do consumidor e processo civil, sendo, ainda, professora-orientadora e coordenadora de Núcleo de Práticas Jurídicas em faculdades do Distrito Federal.
Tenho uma formação humanista. Ser advogado é ser instrumento, é ser o elo entre a sociedade e a justiça, é ser o canal em busca da efetivação dos direitos que, além de ser uma prerrogativa da nossa função, é um dever social.
Acredito que, por si só, a minha candidatura, assim como a candidatura de Thais Maria Riedel na Seccional, já contribui para o aumento do percentual de mulheres em cargos de “ponta”, que além de gerar motivação a outras mulheres, faz com que os colegas advogados percebam, ainda mais, a capacidade e o diferencial que a figura da mulher agrega em qualquer disputa.
Ressalto que, faz parte da minha atuação como mulher na sociedade, para que possamos alcançar um tempo em que não haja necessidade de se criar dispositivos “cotistas” para garantia da participação da mulher em cargos de direção, gestão ou inserção na política.
A paridade de gênero só irá acabar quando as mulheres se sentirem motivada, participativas e envolvidas com todos os segmentos, inclusive na Ordem dos Advogados.
Posso ser esse diferencial na gestão da Subseção de Sobradinho pela experiência profissional na advocacia e pela expertise no magistério, na docência, como doutora em ciências jurídicas e sociais.
Isso é um misto das minhas escolhas profissionais. Amo o que faço e penso que com essa experiência posso contribuir e auxiliar colegas, advogadas e advogados, na busca de uma justiça digna e honrosa para toda a advocacia e para que todos tenham acesso à justiça.
2. Como candidata à vice-presidência da Subseção de Sobradinho, como será sua atuação em prol da mulher advogada?
Na verdade, minha atuação já começou mesmo nas preliminares de campanha, tendo em vista que a construção do projeto foi feita por várias mãos e, logicamente, a minha de mulher atuante, advogada e professora esteve envolvida desde a origem.
Trata-se de um projeto inclusivo, sensível à realidade da advocacia serrana, sejam jovens, mulheres ou veteranos.
Como advogada atuante carrego no meu arcabouço de experiências a realidade de ter que lidar com a rotina de tribunais, atuação junto aos colegas de profissão e a supervisão e orientação de alunos/estagiários.
Assim, pretendo transportar minha experiência às mulheres advogadas de Sobradinho fazendo com que elas se sintam à vontade para dividir suas experiências na Subseção, tornando essa troca de informações e experiências um canal transformador de boas práticas para que o exercício da nossa profissão seja mais eficaz e producente, mesmo pra quem tem que desdobrar em uma rotina abarrotada.
3. Considerando o constante e crescente número e advogados formados, como pretende receber e apoiar a jovem advocacia em Sobradinho?
A origem de todos os compromissos da OAB de Sobradinho está na dignidade e no respeito à advocacia.
Quanto a jovem advocacia nosso projeto prevê entre seus eixos o acolhimento e assistência aos novos advogados e advogadas em diversos eixos, como:
– A implementação do Curso de Formação e Mentoria para o Jovem Advogado na subseção, que visa oferecer subsídios para uma atuação mais segura desde a elaboração do contrato com o cliente até o desenrolar processual;
– Estabelecer sala permanente da Escola Superior da Advocacia dentro de Sobradinho para fomentar o conhecimento técnico estabelecendo parcerias com faculdades locais capacitando a classe;
– A valorização das comissões temáticas e desenvolvimento de grupos de trabalho em áreas diversificadas e de pesquisa com publicações científicas, de forma a incentivar a atuação acadêmica;
ARTHUR GURGEL (CANDIDATO A PRESIDENTE SUBSEÇÃO SOBRADINHO-DF):
1. Arthur Gurgel, por que você pretende ser o próximo presidente da OAB na subseção de Sobradinho, um cargo não remunerado e de grande responsabilidade?
Com a pandemia, nós advogados e advogadas fomos forçados a nos reinventar. A presença em redes sociais deixou de ser uma faculdade e virou uma obrigação. Passei a utilizar a internet para divulgar meu trabalho na expectativa de encontrar novos clientes. A surpresa foi que, além de clientes, acabei atraindo atenção de muitos advogados e advogadas que estavam desesperados pedindo ajuda.
Colegas que se sentiam desamparados, perdidos no início da profissão por não saberem como cobrar honorários de forma adequada ou se portar em casos de violação de prerrogativas, como fazer petições e etc. Por não vir de uma família tradicional de advogados, acabei enfrentando todos esses desafios no início da carreira e me solidarizando com essas situações. Diante disso, fui ajudando um colega, depois outro e outro… percebi que não paravam de aparecer advogados vivendo essa mesma realidade. Constatei que tinha algo de muito errado com nossa casa, a OAB não está fornecendo o suporte necessário para que os colegas possam se aperfeiçoar profissionalmente e ter a segurança necessária para atuar na advocacia.
E essa falta de suporte não atinge só os jovens advogados. Existem vários colegas mais experientes, advogados da época do mundo analógico em Sobradinho, que sequer sabem manusear o PJe e a infinidade de sistemas que os tribunais fornecem. A nossa entidade de classe igualmente nega suporte para esses colegas em suas subseções. Vários advogados e advogadas que ainda tem muito a contribuir com a advocacia estão deixando a profissão por não conseguirem se adequar ao “mundo novo” dos sistemas virtuais.
O que nossa OAB faz por esses colegas?! Absolutamente nada! Como bom brasileiro que sou, honro nosso hino, sobretudo no trecho que fala “verás que um filho teu não foge à luta”. Não pude deixar de notar todo o descaso que nossa advocacia vem sofrendo e aceitei o desafio de colocar meu nome à disposição para esse pleito com intuito de mudar essa realidade. Pretendo ser protagonista da mudança que a OAB -Subseção de Sobradinho merece, fazendo desta casa um exemplo a ser seguido de acolhimento e aperfeiçoamento de advogados e advogadas. Quero transformar a OAB Sobradinho em um polo desenvolvimento profissional da advocacia, pois acredito que o conhecimento é a chave para recuperar o respeito que a advocacia já possuiu outrora.
2. Na sua opinião, por que a atual gestão na subseção de Sobradinho, contrária a sua chapa, está perdendo apoio, inclusive de membros componentes da diretoria e do conselho?
Inicialmente é importante destacar que a OAB Sobradinho é gerida pelo mesmo grupo político há, pelo menos, 10 anos. Ao longo destes anos, várias pessoas saíram do grupo pelos mais diversos motivos. Alguns falam que não tiveram espaço para desenvolver seus projetos, outros falam que sofreram represálias por não estarem de acordo com os ideais do presidente da época.
Um caso bem emblemático, que vale a pena mencionar, é o das duas últimas vice-presidentes, ambas saíram alegando que na sucessão de seus respectivos mandatos, foram montadas chapas sem que houvesse qualquer tipo de consulta a respeito de seu interesse em estar disputando o pleito. Curiosamente, ambas as vice-presidentes não concordavam com algumas posturas do grupo e tinham ideias de implementar mudanças, no entanto, como elas não pensavam “da forma correta” foram descartadas sem qualquer tipo de cerimônia do grupo que diz respeitar as mulheres.
Sabe-se que existe um grupo de “amigos do rei” na atual gestão e, a partir do momento que você desagrada o líder ou discorda de suas ideias, você é descartado ou ignorado até que queira sair.