Menu

08/09/2019, 14:04

Caps de cidade do DF agrega teatro e dança ao tratamento de pacientes

Em uma parede, o recado é dado de forma bastante cristalina a quem chega: “A arte é um cavaleiro que anda com seu cavalo sobre as nuvens. Criar para sair do marasmo, de casa, da rotina”. É dessa maneira, bem pronunciada, que se apresentam 22 pacientes do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) 2, localizado no Paranoá, a 20 quilômetros do centro de Brasília. Eles formam o coletivo Atravessa a Porta, que agrega cinema, teatro, performance e dança ao tratamento composto por técnicas tradicionais de saúde mental.

Dessa vez, as tomadas de filmagem eram do projeto Capsianos, que conta a história de um grupo de humanos dotados de hipersensibilidade.

Na trama, eles são banidos da Terra e exilados para outro planeta, chamado Caps. Cem anos depois, acabam sendo convocados para retornar e ajudar a restabelecer a harmonia do território de origem, usando seus superpoderes na Revolução da Sensibilidade.

Conforme explica a psicóloga Amanda Mota, que coordena as atividades, tudo ali é realizado de modo comunitário, inclusive as decisões sobre as narrativas, já que têm o poder de redefinir como os pacientes se percebem e se mostram para o mundo.

As atividades da companhia tiveram início em 2012, por iniciativa da profissional, quando ainda não fazia parte do quadro de funcionários da unidade. Na época, frequentava o local para desenvolver sua pesquisa de mestrado, pela Universidade de Brasília (UnB).

“É o que a gente chama de Clínica Ampliada, que desloca o tratamento da doença para a existência. Esse serviço de saúde mental está dentro desse paradigma [concebido com a luta antimanicomial e a reforma psiquiátrica] e ele funciona de maneira aberta. As pessoas têm liberdade de ir e vir, e esse dispositivo das oficinas está muito presente nos Caps”, disse Amanda.