07/07/2020, 12:47
Clima seco favorece doenças nos olhos
Não é só a pandemia que aflige o Brasil. A falta de ar por asma atinge 1 em cada 4 brasileiros, enquanto o nariz entupido pela rinite afeta 26% das nossas crianças e 30% dos adolescentes segundo a ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia). A situação fica pior no inverno. Isso porque, a estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que o clima seco triplica a gripe, resfriado, rinite, sinusite, bronquite e asma nesta época do ano. Todas estas doenças predispõem à alergia ocular.
Pesquisa
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier diversos estudos mostram que coçar os olhos é o maior fator de risco para a evolução do ceratocone, doença degenerativa que faz a córnea tomar a forma de um cone e responde por 70% dos transplantes no País. O problema, afirma, é que a maioria dos pacientes não consegue abandonar este hábito que faz a visão ficar cada vez mais desfocada para perto e longe. Um levantamento realizado pelo oftalmologista no último inverno com 315 portadores da doença mostra que metade dos participantes tinham alguma alergia respiratória acompanhada de processo alérgico nos olhos.
A boa notícia é que segundo Queiroz Neto a maioria dos pacientes faz tratamento da alergia com colírio lubrificante, antialérgico ou corticóide. Embora o corticóide não seja indicado para tratar Covid-19, pesquisa da EAACI (European Academy of Allergy and Clinical Immunology) que acaba de ser divulgada, revela que o uso das três classes de colírio estão liberadas durante a pandemia. Só não há consenso médico sobre o tratamento com imunossupressores sistêmicos. Isso porque, podem reativar a infeção de qualquer vírus e dificultar o combate à Covid-19.
Prevenção
Queiroz Neto afirma que o ceratocone não tem cura. A evolução pode ser interrompida com crosslinking, uma cirurgia ambulatorial que associa radiação UV e riboflavina, vitamina B2, para fortalecer a reticulação das fibras de colágeno da córnea. Por isso, o mais importante é o diagnóstico precoce que é feito com a tomografia da córnea e o acompanhamento periódico. A evolução da doença, comenta, geralmente é mais rápida entre crianças e indica necessidade do crosslinking. Durante a pandemia as dicas do médico para evitar a contaminação ocular são: não tocar os olhos, frequentemente lavar ou higienizar com álcool as mãos, não compartilhar toalhas, fronhas ou maquiagem, higienizar computador, celular e teclado com álcool isopropílico.
Conjuntivite viral
Queiroz Neto afirma que os olhos sofrem em dobro no inverno. Isso porque, são externos e a baixa umidade do ar diminui sua principal defesa, a lágrima que tem a função de lubrificar e proteger a superfície. “O frio também cria condições para a maior reprodução de todo tipo de vírus, inclusive do novo coronavírus”, afirma. Resultado: Nesta época do ano aumentam os casos de conjuntivite viral, inflamação da conjuntiva, membrana que recobre a esclera, parte branca do olho e a face interna das pálpebras, explica.
Sintomas e tratamento
Os sintomas elencados pelo médico são: pálpebras inchadas, vermelhidão, coceira, ardência, sensação de areia nos olhos, lacrimejamento, secreção transparente e fotofobia (aversão à luz). Inicialmente o tratamento é feito com compressas frias. Caso os sintomas não desapareçam em dois dias é mais prudente consultar um oftalmologista. Isso porque, o tipo de colírio indicado depender da gravidade do quadro. Os mais graves são tratados com corticóide que exige acompanhamento médico porque a retirada antes da hora provoca efeito rebote. Já o uso prolongado causa glaucoma, maior causa de cegueira irreparável no mundo.
Prevenção: Covid-19 e conjuntivite
Em tempo de pandemia, adverte, mãos contaminadas em superfícies pelo sars-cov-2 transformam o olho em via de acesso do novo coronavírus ao sistema respiratório através do ducto lacrimal. Mas a conjuntivite dificilmente é decorrente desta cepa. Geralmente é causada pela influenza e H1N1
Para evitar contrair a covid-19 pelos olhos e a conjuntivite viral as recomendações do médico são: evitar levar as mãos aos olhos. Lavar as mãos com frequência, evitar o contato com os olhos, não compartilhar toalhas fronhas ou maquiagem são as principais medidas para evitar a contaminação através dos olhos.