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18/06/2020, 13:18

Conselho de Direitos Humanos da ONU adia votação sobre investigar os EUA

O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas adiou nesta quinta-feira, pelo segundo dia seguido, a votação para decidir se os Estados Unidos seriam investigados por racismo e abusos das forças policiais contra a população negra, a partir de solicitação de 54 países da África.

A presidente de turno do conselho, a embaixadora austríaca Elisabeth Tichy-Fisslberger, anunciou durante o debate que foi retomado hoje sobre a questão, que a definição acontecerá amanhã ou na próxima segunda-feira.

O novo adiamento indica as dificuldades para fazer avançar uma iniciativa em que as nações africadas pediam, inicialmente, a criação de uma comissão internacional de investigação contra os EUA, uma ferramenta utilizada habitualmente apenas em casos muito graves de violações dos direitos humanos.

Ontem, países que não são da África convenceram pelo rebaixamento da proposta, solicitando assim que a investigação seja realizada pelo Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que é liderado pela ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet.

Ainda assim, a iniciativa encontra resistência dentro do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em que, apesar da unânime condenação do racismo e da morte de George Floyd, em Minneapolis, nos Estados Unidos, durante uma abordagem policial.

Israel solicitou que a questão do racismo não fique relacionado a apenas um país, no caso os EUA. Já organizações não governamentais destacaram que governos antidemocráticos cometem mais abusos, como a China, na prisão sistemática da população uigur.

A ONG Humam Rights Watch (HRW) denunciou a tentativa de retirar toda a referência aos Estados Unidos da resolução, transformando o texto para que seja “tão vago, que não tenha sentido”.

Por sua vez, a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) cobrou que o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprove a investigação contra práticas policiais racistas no país, para que o órgão não siga “sendo cúmplice na opressão dos afro-americanos”.

Caso a iniciativa das nações da África avance, seria a primeira resolução do grupo das Nações Unidas dirigida expressamente aos Estados Unidos, país que se retirou há um ano do Conselho, por considerar que existia uma atuação tendenciosa.