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01/04/2020, 12:12

Coronavírus e sanções aumentam incerteza sobre futuro da Huawei

O gigante chinês de telecomunicações Huawei advertiu, nesta terça-feira (31), que as sanções americanas e as consequências da pandemia de coronavírus afetarão seus resultados em 2020 – um ano que será “muito difícil”.

Em 2019, a Huawei registrou lucro líquido de 62,65 bilhões de iuanes (8,04 bilhões de euros), um aumento de 5,6% em um ano, mas cinco vezes inferior ao de 2018 (+25,1%).

Considerado líder mundial da tecnologia para redes de Internet móvel 5G, o grupo esteve, no ano passado, no centro de uma guerra comercial entre Pequim e Washington pela competição tecnológica e pelas acusações de espionagem feitas contra a empresa pelos Estados Unidos.

O governo Donald Trump proibiu as empresas americanas de negociarem com a Huawei, mas, ao mesmo tempo, aprovou vários adiamentos para a vigência da medida.

Segundo o grupo chinês, as sanções levaram a perdas de pelo menos US$ 10 bilhões.

A Casa Branca ainda deve adotar novas medidas contra a Huawei.

“Penso que o governo chinês não ficará com os braços cruzados enquanto massacram a Huawei”, disse o presidente do grupo, Eric Xu, em entrevista coletiva.

Washington também pressiona os demais países, na tentativa de dissuadi-los de usarem os serviços da Huawei para seu equipamento em redes 5G, a quinta geração de Internet móvel.

Se o governo Trump acentuar suas sanções, “acho que o governo chinês também tomará medidas de represália”, disse Xu.

“Se a caixa de Pandora for aberta, poderemos assistir a uma destruição catastrófica da cadeia de abastecimento mundial, e a Huawei não será a única a ficar destruída”, advertiu.

A empresa também tem pela frente as consequências imprevisíveis da pandemia de coronavírus, que paralisa a economia mundial, preocupa os mercados e faz a demanda cair.

“2020 será um ano muito difícil”, disse o presidente da Huawei.

Apesar de um contexto difícil, a empresa anunciou ter vendido 240 milhões de telefones no mundo (+16,5% em um ano).

Em 2019, a Huawei era o segundo fabricante mundial de celulares por fatia de mercado (17,6%), atrás da Samsung (21,6%) e à frente da Apple (13,9%), segundo números da consultoria especializada IDC.

O grupo chinês, que tenta reduzir sua dependência da tecnologia americana, apresentou na última sexta-feira um celular de gama alta que não usa o sistema operacional do Google (Android) e tem aplicativos próprios.

A Huawei também criou seu próprio sistema operacional, o HarmonyOS, que será instalado progressivamente em seus aparelhos, em caso de sanções americanas.

Os especialistas do setor acreditam que será difícil criar um sério concorrente frente aos sistemas dominantes: Android, da Google, e iOS, da Apple.

Em sua atividade de infraestruturas para a Internet móvel 5G, a Huawei garante ter instalado sua tecnologia em cerca de 50 países e regiões.

O grupo disse que, no ano passado, destinou 15% de seu faturamento para pesquisa & desenvolvimento, ou seja, pelo menos 16,9 bilhões de euros.