27/05/2021, 17:32
CPI: atraso na 2ª dose não invalida esquema vacinal, diz Dimas Covas
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, garantiu nesta quinta-feira (27) que atrasos na segunda dose de imunizantes não invalidam o esquema vacinal contra a covid-19. “A segunda dose é fundamental para completar o esquema vacinal. Vinte e oito dias [no caso da CoronaVac] é o período ideal de vacinação, mas a vacinação posterior a 28 dias não invalida o esquema vacinal. Então, se a pessoa tomar a vacina com 30 dias, com 40 dias, com 50 dias, com 60 dias, ela não perde o esquema vacinal; ela simplesmente vai demorar mais para ser plenamente protegida”, explicou em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado.
Covas acrescentou que “o que não pode é não tomar a segunda dose”. Nesse sentido, o médico demostrou preocupação com o fato de um contingente significativo de pessoas não terem retornado aos postos de vacinação para receber a segunda dose. “A primeira dose já confere uma proteção, mas a segunda dose é fundamental. Então, nós temos, sem dúvida nenhuma, que insistir na necessidade da segunda dose, mesmo que haja um atraso de uma, duas, três ou quatro semanas”, acrescentou.
Com relação à necessidade de uma dose adicional do imunizante, além das duas que já estão sendo aplicadas na população, o médico confirmou que uma dose de reforço anual será necessária para todas as vacinas. Segundo ele, além de aumentar a duração da imunidade, a medida vai conferir proteção em relação às variantes do vírus. “As que estão circulando hoje, como a variante da África do Sul e a própria variante que foi identificada na Índia, têm, em princípio, uma resposta de anticorpos neutralizantes induzidos pelas vacinas um pouco inferior à da cepa original. Então, isso é, de fato, uma ameaça às vacinas, e, portanto, uma dose adicional, já com as variantes, já está sendo pesquisada, inclusive, com o Butantan, que já incorpora esta variante chamada P1 nos estudos em andamento, inclusive com a ButanVac, já prevendo que ela seja produzida”, acrescentou.
Perguntado sobre sua opinião em relação à chamada imunidade de rebanho – que ocorre quando uma parcela significativa de uma população fica imune a uma doença infecciosa limitando a sua propagação –, Covas disse que a eficiência da estratégia foi descartada. “No começo da pandemia, alguns países da Europa chegaram a sugerir a possibilidade de ter a questão da imunidade de rebanho, mas naquele momento se sabia muito pouco sobre o curso da própria epidemia. as outras medidas, as chamadas não farmacológicas de enfrentamento da epidemia são fundamentais.”