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16/09/2021, 16:53

Democracia

Jantar na casa do Naji Nahas, reunindo empresários e políticos e o destaque da noite foi a imitação caricaturesca de Bolsonaro, feita por André Marinho, filho de um bolsonarista arrependido e hoje desafeto do capitão. A apresentação, que provocou gargalhadas nos presentes, foi filmada por um marqueteiro de Michel Temer e vazou para a imprensa, numa provável artimanha do ex-presidente para  seguir surfando a onda que o trouxe de volta à relevância depois que intercedeu junto ao Alexandre de Moraes e minutou a nota de auto repúdio do presidente para arrefecer os ânimos exaltados pela tentativa frustrada de golpe no feriado. Desde então, o vampirão já deu algumas entrevistas e viu até seu nome ser cotado para voltar ao Planalto.
Embora tenha irritado seus seguidores mais fanáticos, o arrego do capitão foi necessário para silenciar as muitas vozes que se levantaram contra ele. Se essas baixas serão revertidas com a balela de que foi um recuo estratégico, decorrente de favorável  acordo com o Ministro do Supremo, as próximas decisões do magistrado e as pesquisas dirão.
De qualquer modo, a atuação de Temer pode ter causado o esvaziamento dos protestos do domingo, embora o mais provável é que a pauta dos organizadores, em especial, o Vem pra Rua, tenha afugentado os representantes da esquerda e os eleitores de Lula (quase a metade do eleitorado). Foi um movimento minúsculo, a despeito de adesões importantes como a de Ciro e Dória e apenas serviu para evidenciar a dificuldade de se emplacar uma terceira via.
Talvez para recuperar seus apoiadores mais radicais e se garantir no segundo turno ou mesmo para tumultuar de vez as eleições do ano que vem, Bolsonaro armou uma cilada para o STF, que se tornará alvo da ira das polícias quando cancelar o inconstitucional Habite Seguro, lançado terça pelo presidente. Não. Ele não é um grande estrategista. Mas, continua tentando.
Que venha o impeachment ou, já que ontem foi dia da democracia, que a nossa se aguente até 2023.