15/07/2021, 13:28
Dormindo Mal
A aquisição da vacina Covaxin tem lançado suspeitas sobre vários gestores do Ministério da Saúde e, como este governo tem em suas fileiras mais de seis mil militares, alguns dos nomes que aparecem no esquema são de oficiais da ativa ou da reserva.
Mesmo considerando a imagem de honra e dignidade incorruptível associada às FAAs, principalmente nos últimos anos em que muitos foram às ruas pedir o retorno da ditadura, seria ingenuidade supor que eles constituam uma casta realmente diferenciada, em que não há uma única vestal parida.
O que se esperava, porém, é que não partissem pro ataque em defesa de sua “banda podre”, citada por Omar Aziz, que deixou claro não se tratar de uma generalização.
É certo que a reação desmesurada teve o empurrão do Planalto e de um dos generais que, a se confirmar, tem as mãos sujas de lama e do sangue das vítimas da COVID que poderiam estar vivas se as vacinas não tivessem sido usadas para garantir o pichulé.
Felizmente, o arroubo de coturnos não foi bem recebido nem dentro das forças e, embora sem retrocesso, dificilmente avançará além da condição de pasto pra bolsonarista fanático.
Mais: rendeu um convite para depor na CPI ao dito general, que pode se recusar mas colocou-se na berlinda.
Este cerco na saúde e as reportagens da Juliana Dal Piva, do UOL, sobre o esquema de peculato na ALERJ e na Câmara dos Deputados têm tirado o sono do chefe do executivo que vê, pelas pesquisas recentes, suas chances de reeleição e a salvaguarda do cargo se esvaírem.
Pior: ele só tem até outubro para encontrar um partido para chamar de seu, mas, mesmo legendas pequenas temem pagar um preço muito alto pelo ganho de expressividade que ele oferece.
E não é só isso. O ministro Alexandre de Moraes encaminhou ao TSE as provas que tem do processo das fake news, que podem resultar na cassação da chapa Bolsonaro e Mourão.
O presidente citou a oração “perdoai as nossas ofensas”.
Que o Pai perdoe. Eu? Não mesmo. Quero mais é que ele vá dormir, e mal, na prisão.