28/01/2020, 16:12
Emissões de gases podem elevar temperatura em 3 graus
As atuais emissões de gases de efeito estufa podem levar a um aquecimento global de 3 graus Celsius (ºC), o dobro do que foi estabelecido em acordo, diz a especialista Thelma Krug. Para ela, o limite para o aquecimento é “quanto mais baixo melhor”.
Thelma é vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), organização científica criada no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU). A instituição reúne, de hoje (28) a 1º de fevereiro, na Universidade do Algarve, em Portugal, cerca de 260 especialistas em alterações climáticas, numa reunião técnica para a elaboração do sexto relatório de avaliação. No IPCC há três grupos de trabalho e em Faro está reunido o grupo 2, que analisa os impactos das alterações climáticas nos ecossistemas e nas atividades humanas.
Especialista na área de ambiente e florestas, Telma lembrou o relatório do IPCC de outubro de 2018, que alertava para grandes alterações climáticas se os Estados deixarem as temperaturas acima de 1,5ºC em relação à época pré-industrial, limite definido no Acordo de Paris, sobre redução de emissões, como o patamar desejável para a contenção do aquecimento global.
Segundo ela, as contribuições determinadas por cada país “não estão numa trajetória de limitar o aquecimento a um nível baixo”.
“Hoje, se somarmos todas as contribuições que foram colocadas na mesa por todos os países, estamos muito mais na trajetória de um aquecimento de 3ºC, praticamente o dobro do que estaríamos buscando para minimizar os potenciais impactos” das alterações climáticas, afirmou a vice-presidente do IPCC.
“O que esperamos é que os países, ao serem confrontados com esse resultado, entendam que têm de fazer mais, a mensagem que estamos dando é de que não está sendo suficiente”, acrescentou.
A especialista não quer fazer previsões, porque o futuro depende do nível de aquecimento que seja alcançado. Ela tem a certeza, no entanto, de que “cada bocadinho de aquecimento conta”, e que “os impactos que ocorrem com diferentes níveis de aquecimento podem ser muito substantivos”.