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18/04/2022, 21:15

Espetáculo Pedra(p)Arida volta em cartaz em formato on-line no dia do aniversário de Brasília

Após sucesso de crítica e público em apresentação presencial no mês de março no Espaço Cultural Renato Russo, a peça de dança-teatro Pedra(p)Arida estreará de forma on-line e gratuita em 21 de abril, dia do aniversário de Brasília e mês de celebração ao Dia Internacional da Dança (29 de abril).  No solo concebido e dirigido pelo diretor e coreógrafo brasiliense Édi Oliveira, a atriz Camila Guerra aborda as opressões, desafios, a ancestralidade, sonhos e lutas que envolvem o feminino em vários contextos.

Após meses de pesquisa, ensaios e conversas numa colaboração dramatúrgica,  a atriz, o diretor e Ana Flavia Garcia, além de grande equipe por detrás das cortinas, apresentarão a peça de dança-teatro Pedra(p)Arida agora virtualmente. De 21 de abril a 6 de maio. 24h disponível no canal do YouTube: https://www.youtube.com/channel/UC1tNIgNcjbw5K8C8Gk4JJdw... Não recomendado para menores de 18 anos. Informações: Instagram: @pedraparida. 

O projeto, que conta com o patrocínio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal por meio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC-DF), retrata a violência física e psicológica – gaslighting-, a dor, os enfrentamentos, dissabores e opressões impostas e vividas pelas mulheres em todos os tempos. Em cena, uma mulher (Camila Guerra) vivencia situações de opressão ao sexo feminino e celebra o gênero, destacando a ancestralidade e as lutas que permeiam o “ser mulher” neste mundo. 

Inspirada no livro Syngué Sabour, do escritor franco-afegão Atiq Rahimi, e no filme intitulado em português A Pedra da Paciência, também dirigido pelo autor, a atriz brasiliense Camila Guerra se pautou nessas obras para estudar a fundo o universo feminino, suas nuances, seus medos, suas glórias, ânsias, repressões.

No filme A Pedra da Paciência, passado no Afeganistão destruído pela guerra, uma mulher conta seus sofrimentos, sonhos, desejos e segredos para seu marido, um herói de guerra que está em coma. Com esse desabafo, ela tenta encontrar um caminho para recomeçar a vida. Tendo como inspiração inicial o longa, Pedra(p)Arida ganhou várias dimensões e profundidades que fizeram a atriz e equipe refletirem sobre a violência de gênero.

“O fato é que a condição feminina é uma questão em qualquer parte do mundo. São relativamente recentes as conquistas como o direito ao voto e ao trabalho fora do lar. E ainda são muitos os desafios em curso, como um debate sério em torno do nosso corpo: as condições que a legislação impõe, por exemplo, nos casos de violência sexual, de interrupção de uma gravidez indesejada, mesmo que estas ofereçam riscos expressivos para as vítimas. São tantas as agressões veladas vividas por mulheres de todo o mundo e ainda pouca disposição para o debate. O intuito é deflagrar questões latentes, pois toda mulher no mundo em algum nível já foi violada. E que nossa emancipação real passa por ‘tirar esses véus’ de diversas situações nada confortáveis que a sociedade patriarcal impõe há séculos”, declara a atriz Camila Guerra.

E os internautas de todo o mundo poderão presenciar os recortes reflexivos e poéticos que colocam em evidência essa mulher oprimida/objetificada cheia de sonhos e desejos de se libertar.  Em cena, os objetos se ressignificam constantemente, de modo a sugerirem metáforas, símbolos e imagens pungentes, duras e poéticas que fazem com que os desdobramentos temáticos desaguem uns nos outros.

“No processo colaborativo de criação da dramaturgia optamos por mixagens narrativas com interferências de mulheres históricas, emblemáticas, de geografias diferentes.  Fizemos uma escolha coletiva de não fazer citações sobre a localização do espaço, dos territórios. O espetáculo deságua como  os fluxos das águas em contraposição à aridez (pedra-terra)”, explica a dramaturga Ana Flávia Garcia.

E uma trilha sonora de ruídos marcantes promete impactar ao acompanhar a intérprete que dança, fala, se indigna e também silencia…. Cala!

“ O lugar de fala é delas. Então, tive todo o cuidado de ouvir e pensar em cada detalhe. Começamos este processo há seis meses, e fomos, por meio de improvisações, alinhando as percepções sobre o tema. É uma peça que, de fato, coloca uma faca, um punhal sem filtros nas questões que as mulheres vivem desde sua ancestralidade. Neste trabalho, tiramos mesmo o véu para promover a reflexão e o acolhimento”, pontua o diretor Édi Oliveira, que contou com a assistência de direção da atriz e coreógrafa Juliana Drummond.