31/07/2022, 10:00
Espetáculo performático de Gerald Thomas entra em cena
por Felipe Lucchesi
Colunista: Felipe Lucchesi
A inspiração de Gerald Thomas para a criação do estreante espetáculo: “F.E.T.O. (Estudos de Doroteia Nua Descendo a Escada)” tem título, nome e sobrenome: “Dorotéia”, de Nelson Rodrigues, “O Nu Descendo a Escada” de Marcel Duchamp e “No Vento e na Terra I”, de Iberê Camargo.
Gerald coloca no palco do Teatro Anchieta(Sesc Consolação) um espetáculo performático que equilibra-se entre efeitos associados às artes visuais, performance e atuação do elenco e provocações associadas aos problemas políticos e sociais do País e do mundo.
A estreia
A estreia ocorreu na quinta-feira(28) e contou com um público misto de gerações: quem já conhecia e admirava o trabalho de Gerald Thomas e também, quem já o conhecia mas fazia-se presente pela curiosidade e oportunidade em testemunhar presencialmente sua obra.
No decorrer de 120 minutos de duração, o público manteve-se em silêncio, entretido e mergulhado nos efeitos que os olhos eram capazes de capturar e as mensagens diretas, indiretas ou subentendidas, que o cérebro demandava digerir.
Quem está acostumado com peças teatrais que propagam “mensagens mastigadas”, surpreende-se pela necessidade de reflexão e pesquisa como lição de casa, pós-espetáculo.
Afinal, quem é Gerald Thomas?
Autor e diretor de teatro cujas habilidades alcançam a dramaturgia, iluminação, cenografia, figurino, desenho e música. Nascido em Nova York (EUA), em 1954, entre 7 e 15 anos de idade, morou no Rio de Janeiro com seus pais, depois viveu por quase 1 ano em Nova York e 8 anos em Londres.
Sua extensa trajetória o fez passar por pelo menos 15 países e vencer por duas vezes o Prêmio Molière e uma vez o Prêmio Mambembe. Criador de uma estética elaborada a partir do uso diferenciado de cada um dos recursos teatrais e orientada pelo conceito de “ópera seca”, Gerald Thomas renova a cena brasileira nas décadas de 1980 e 1990. Dirigiu, entre outros: Fernanda Montenegro, Tônia Carrero, Sérgio Britto, Ítalo Rossi, Rubens Corrêa, Marco Nanini, Ney Latorraca, Julian Beck, em peças marcadas pela ousadia e irreverência, tornando-o um dos mais instigantes encenadores da atualidade.
Sua carreira teve início em Londres, onde participa do grupo performático e multimídia Exploding Galaxy. No grupo amador Hoxton Theatre Company, realiza suas primeiras experiências como diretor. Já em Nova York, trabalha no La MaMa, espaço dedicado a encenações experimentais de todo o mundo, onde produz três espetáculos consecutivos, com textos de Samuel Beckett. Desde o primeiro projeto, Thomas visa uma proposta teatral na qual a identificação emocional seja suprimida, dedicando-se a mostrar o pensamento como processo, e o processo como tempo e espaço da cena. Trabalhou com Samuel Beckett, inicialmente em Paris, adaptando novas ficções do autor, entre elas, All Strange Away e That Time com Julian Beck, em sua única atuação como ator fora do Living Theatre. Em 1986, funda a Companhia de Ópera Seca, onde solidifica sua dramaturgia paródica e desconstrutivista, além de iniciar parceria com o compositor Philip Glass e o dramaturgo alemão Heiner Müller. O filósofo Gerd Bornheim considera que Thomas representa, no campo das discussões teatrais, mais do que um propositor de estéticas, mas “um pensador prático criador de uma Poética, ou seja, de um modo de produzir o novo”.
No Brasil, seus espetáculos mais recentes foram: “Entredentes” (2014), “Dilúvio” (2017) e as peças online “Terra em Trânsito” e “G.A.L.A”, ambas em 2021. Thomas é ainda autor dos livros: “Nada prova nada” (Record, 2011), “Arranhando a superfície” (Cobogó, 2012), sua autobiografia “Entre duas fileiras” (Record, 2016) e “Um circo de rins e fígados: o teatro de Gerald Thomas” (Edições Sesc, 2019). No segundo semestre de 2022, lança seu novo livro “Blow – Cocaine” pela Galileu Edições.
Ficha Técnica
Criação e direção: Gerald Thomas
Coreografia aérea e co-direção: Lisa Giobbi
Elenco: Fabiana Gugli, Rodrigo Pandolfo, Raul Barreto, Lisa Giobbi, Beatrice Sayd e Ana Gabi
Dramaturgismo: David George
Desenho de luz: Wagner Pinto
Cenografia e direção técnica: Fernando Passetti
Figurinos: João Pimenta
Trilha Sonora – composição original: Eduardo Agni
Sonoplastia: Ale Martins
Adereços: Clau Carmo
Preparação corporal: Fabricio Licursi
Assistência de direção: André Bortolanza
Direção de produção: Dora Leão
Assessoria de imprensa: Ney Motta
Realização: Sesc São Paulo
Serviço
Espetáculo: F.E.T.O. (Estudos de Doroteia Nua Descendo a Escada)
Livremente inspirado em Doroteia de Nelson Rodrigues
Estreia nacional: 27 de julho de 2022, quarta-feira, às 21h
Temporada de 27 de julho até 28 de agosto de 2022
Dias e horários: Quarta a sábado, às 21h, e domingos, às 18h
Local: Teatro Anchieta – Sesc Consolação
Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, São Paulo
Informações: 11 3234-3000
Lotação do teatro: 280 lugares
Valor dos ingressos: R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia entrada) e R$ 15,00 (credencial plena)
Ingressos adquiridos na bilheteria ou antecipadamente pelo site sescsp.org.br
Classificação: Indicado para maiores de 16 anos
Duração: Aproximadamente 120 min
Crédito – Foto(capa) – Divulgação
Fotos(estreia) – Felipe Lucchesi
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