– Helena? Fiz as compras. Devem entregar amanhã.

– Ôxi! E não é amanhã que você volta ao presencial?

– Isso. Mas, já tô deixando pago. É só receber e guardar.

– E lavar tudo, jogar álcool… Sozinha…

– Não precisa nada disso. A COVID se transmite mais pelo ar, do que por superfícies contaminadas.

– Anhé? Não foi o governo que disse isso, não, né?

– Não, Helena! Nem é fake news de WhatsApp. 

– Dava no mesmo, né? Não confio nem num, nem noutro.

– Não te tiro a razão. O bom é que tá acabando.

– O tio zap?

– Não. O governo.

– Amém! Apesar que o hômi lá tá prometendo auxílio pro povo, esmola pros caminhonêro, aumento pros funcionário…

– Ah! Isso é certeza. Ele vai fazer de tudo para se reeleger. Mas eu tenho esperança de que o povo não vai cair nessa conversa.

– Pelo menos, agora tem o Moro…

– O marreco? Helena! Já conversamos sobre isso. Seria igual, se não fosse pior. Poderia ter feito um trabalho fantástico na Lava Jato, mas preferiu agir fora da lei, botou tudo a perder… Juiz ladrão!

– Eu sei. Mas se ele já roubou tanto, pode roubar voto do outro lá.

– Ah, sim! Vamos torcer para que até o Cabo Daciolo tire voto do infeliz.

– Aquele, do “glóriadeux”?

– Isso.

– Ele é engraçado.

– É. Mas o Brasil vai estar tão esbodegado, que vamos precisar muito mais do que de um alívio cômico.

– Credo. Tô ficando triste.

– E eu, depressiva, que vai acabar meu teletrabalho.

– Nada mais justo. O meu acabou faz tempo.

– Ô, Heleninha! Infelizmente, o seu serviço não dá para ser remoto. Por isso fico insistindo para você estudar. Quando é o ENEM?

– Ah! Desisti. Agora que a prova tem a cara do governo, será que a terra ainda é redonda?