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25/05/2020, 10:51

Feira virtual de pequenos vendedores terá participação de indígenas

Com 26 anos, Luciana Parapoty já pode ser considerada uma artesã experiente na produção de cestas, acessórios e peças decorativas. Desde os 8 anos, ela aprendeu as técnicas com parentes e outros membros da aldeia guarani Tekoakaovi Porã, que costuma receber visitantes e realizar atividades educativas em Maricá, no Rio de Janeiro. Desde o início do isolamento social, porém, todas as atividades foram suspensas, a loja da aldeia fechou, e as vendas, que são a principal fonte de renda da comunidade, chegaram a quase zero.

“A maioria que vive na aldeia, vive de artesanato. A gente recebia turistas e estudantes e vendia o que a gente faz na lojinha aqui da aldeia. Decidimos fechar também pela nossa saúde, mas ficou muito difícil”, disse a artesã, aliviada com o fato de a aldeia com 90 pessoas não teve casos de covid-19.

Para ganhar uma vitrine de exposição de seus produtos, a aldeia de Maricá se associou ao coletivo de marcas Retoke, que desde o início da quarentena realiza transmissões ao vivo para anunciar produtos de pequenos produtores. O coletivo criou ainda uma página na internet para vendas online e ajuda os produtores a expor e enviar seus produtos para compradores. Em troca, cobra um percentual de 10% das vendas do site e uma mensalidade que dá direito a participar das transmissões ao vivo.

Alguns vendedores, como a artesã, estão em seu primeiro contato com vendas online, forçados a se conectar pela quarentena. Além da loja da aldeia, os indígenas de Maricá costumavam participar de feiras e eventos, que foram suspensos como prevenção ao coronavírus. Como o início do isolamento social foi em março, encalharam todos os produtos feitos para a principal data do calendário de eventos, a comemoração do Dia do Índio, em 19 de abril. Serão alguns desses produtos que ela vai apresentar na próxima live do projeto Retoke no Instagram, que será realizada hoje (23) e amanhã (24). 

“Trabalhamos muito com artesanato, mas não temos experiência na hora de aparecer na câmera para vender. Tivemos que criar um Instagram, e sou eu que vou apresentar”, disse ela, que confessa ainda estar se preparando para estrear nas transmissões ao vivo da internet. “Nem sei como vai ser”.