27/02/2020, 12:21
Guerra dos Troninhos
por André Cunha
As pessoas se empolgam. Quando a série The Witcher estreou na Netflix no fim do ano passado, muitos foram às redes sociais decretar que ela era “um novo Game of Thrones” ou ainda “melhor que Game of Thrones.” Pura fantasia.
Estrelada por Henry Cavill, criada por Lauren Schmidt e baseada nos livros de Andrzej Sapkowsky, a série aborda o folclore polonês e acompanha as aventuras de um bruxo fortão e cabeludo vivido por Cavill (sim, o Super Homem). Além da história confusa, há um detalhe não tão insignificante ofusca a sensação de realidade, o santo Graal da experiência imersiva.
Afinal, se The Witcher é o “novo Game of Thrones”, deveria ser uma série adulta. E embora contenha certa quantidade de erotismo e violência gráfica, de repente, não mais que de repente, adultos passam a se comportar como crianças. Por exemplo: um mago cria um escudo mágico invisível ou um guerreiro lança um raio de fogo. Digamos que a forma como os poderes mágicos dos personagens se manifesta não é nada sutil. A sensação de estranhamento, imediata.
Falta de sensibilidade cultural? Desconhecimento sobre e preconceito contra o universo mágico de Sapkowsky, o qual por sinal envolve uma coleção de livros, filmes, séries, cards e games? Talvez. Mas vale lembrar que a estética da série é bem americanizada, valendo-se do folclore polonês para produzir um conteúdo mundializado. O ponto é que The Witcher tenta abarcar um público vasto demais.
Um produto tão multicultural e multimodal fala com muita gente, mas comunica pouco. Após horas de excruciante fruição, o espectador se questiona: ué, mas não era de adulto? Não era o “novo Game of Thrones”? Boiei.
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