Menu

08/07/2021, 10:11

Homem objeto

por André Cunha

A cena final da série Sex Life apresenta um grau tão descaradamente alto de objetificação masculina que não há como não admirá-la pela coragem e liberdade criativa.

Criada por Stacy Rukeyser e baseada no livro “44 Chapters About 4 Men” de B.B. Easton, o drama erótico que tem causado polêmica nas redes e granjeado um número expressivo de telespectadores conta a história de Billie Connelly (Sarah Shahi), uma mulher casada, suburbana, com dois filhos pequenos e um marido adorável, mas sem muita pegada, assim como as lembranças estimulantes que ela tem do ex-namorado Brad Simon (Adam Demos), figura que gabarita o rol de qualidades que se espera de um amante: um membro enorme, uma disposição diuturna para o acasalamento, um fetiche por transar em lugares perigosos e excitantes, um emprego descolado, um apartamento dos sonhos, uma motocicleta possante e assim por diante.

Acrescente ao bovarismo suburbano uma vontade incontrolável de dar, chegando às raias da ninfomania, misture elementos de thrillers eróticos contemporâneos como Cinquenta Tons de Cinza, After e os telefilmes novelescos do canal Lifetime e terá uma ideia do tipo de fantasia que teima em ocupar, com insistência hipnotizante, a mente de Billie. Tanto que, ao comentar o drama conjugal com um amigo, o marido da tarada resume assim a situação: “Aparentemente esse cara é um garanhão. E ela é insaciável. Literalmente, a pessoa mais sexual que já conheci.”

Essa pessoa que exala sexualidade da cabeça aos pés passará oito capítulos atormentada pelo dilema entre salvar o casamento ou viver uma aventura louca com um mestre do sexo épico. Até chegar a uma solução se resume a mais pura e simples sacanagem.

 

Tags: , ,