Menu

12/08/2022, 10:21

Homenagem aos Pais de Boa Vontade

No segundo domingo do mês de agosto, comemoramos o Dia dos Pais no Brasil. Na Legião da Boa Vontade (LBV), consideramo-lo todos os dias, pois o Amor na família precisa ser constante.

E, nessa ocasião especial, firmados na súplica do Divino Mestre, em Sua Prece Ecumênica do Pai-Nosso, não nos podemos esquecer de homenagear, inicialmente, o maior de todos os pais: o Celestial.

Ao dedicar algumas linhas aos heróis que pelo mundo desempenham bem o seu papel de educar os filhos, faço-o com muito carinho. Minha saudação é extensiva aos que não mais se encontram neste orbe, visto que habitam agora o Plano Espiritual, como meu querido pai, Bruno Simões de Paiva (1911-2000). A morte não interrompe a Vida. Na Terra ou no Céu da Terra continuamos a trilhar a Existência Eterna.

A Espiritualidade Ecumênica e o protagonismo de nossos filhos

Respeitada a Hierarquia Divina, as Bênçãos do Criador recairão sobre aqueles que, dia a dia, se empenham a fim de que nada falte aos seus filhos — carnais ou do coração —, incluído o direito de agirem por si mesmos; alertados, porém, de que cada ato produz o efeito correspondente. E nisto consiste a glória dos pais: prepará-los devidamente para a vida. Não devemos educar as novas gerações com pendor ao asqueroso vício da impunidade. Quando todos querem, de qualquer forma, sair lucrando, sempre chegará o momento em que ninguém desfrutará de ganho algum, pois se terão ido, além dos anéis, os dedos. O povo é uma permanente surpresa.

E aí reside um dos fatores da violência: “Pode fazer isso. Não vai dar em nada mesmo…”.Será? Eis a cultura da inconsequência.

John Ruskin (1819-1900), um dos mais importantes críticos e pensadores ingleses da arte no século 19, argumentava: “Fazer com que suas crianças sejam capazes de ser honestas é o começo da boa educação.

Por essa razão, o combate à conduta doentia de se tirar proveito de tudo, sob qualquer pretexto, é a defesa de uma sociedade saudável, porquanto o que atinge o destino da família contamina um Estado inteiro. E vice-versa. A Democracia é o regime da responsabilidade.

Em seu livro O Cura da Aldeia, Honoré de Balzac (1799-1850), autor de A Comédia Humana, escreveu: “Perdendo a solidariedade das famílias, a sociedade perdeu essa força fundamental que Montesquieu descobrira e chamara a Honra”.

Aliás, aos que asseguram ser as bases da coletividade mundial apoiadas somente na ação direta do indivíduo, esta afirmativa do formidável Victor Hugo (1802-1885): “Toda doutrina social que visa destruir a família é má e, de mais a mais, inaplicável. (…) Quando se decompõe uma sociedade, o que se encontra como resíduo final não é o indivíduo, mas sim a família”.

Por sua vez, registrou o notável Rui Barbosa (1849-1923), em seu “Discurso no Colégio Anchieta”, em dezembro de 1903: “A pátria é a família amplificada. E a família, divinamente constituída, tem por elementos orgânicos a honra, a disciplina, a fidelidade, a benquerença, o sacrifício. É uma harmonia instintiva de vontades, uma desestudada permuta de abnegações, um tecido vivente de almas entrelaçadas. Multiplicai a célula, e tendes o organismo. Multiplicai a família, e tereis a pátria. Sempre o mesmo plasma, a mesma substância nervosa, a mesma circulação sanguínea. Os homens não inventaram, antes adulteraram a fraternidade, de que o Cristo lhes dera a fórmula sublime, ensinando-os a se amarem uns aos outros”.

 O que inspira a Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico, que propomos, em seu sentido supino, é, além de um sentimento de Alma elevado, uma estratégia política, igualmente compreendida na sua índole mais exalçada, em consonância com a Justiça Social, como uma Estratégia de Sobrevivência para o indivíduo, povos e nações. Os seres humanos — portanto, os cidadãos, entre eles os esperançosos jovens — são muito mais do que um saco de carne, ossos, músculos, nervos, sangue. Amam e sofrem. Sonham, desejam, constroem, frustram-se, e, apesar de tudo, prosseguem, vão em frente… Merecem, além de leis, respeito para que elas jamais constituam obscuros privilégios e possam ser cumpridas em benefício de todos.

Relacionamento entre Pais e FIlhos

Apenas com o Amor Fraterno — passe o tempo que necessário for e superados todos os percalços — será sustentada a relação entre pais e filhos (reiteramos, biológicos ou do coração), mulher e marido, avós e netos, tios e sobrinhos, enfim, sólida e indestrutível, porquanto a fortaleza dessa união estará sobre o mais sublime dos sentimentos solidários.

“Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a Quem não vê. Ora, temos, da parte Dele, este mandamento: aquele que ama a Deus ame também a seu irmão. (…) porque Deus é Amor” (Primeira Epístola de João, 4:20, 21 e 8).

E essa lição de Jesus, anotada pelo Evangelista-Profeta, me faz recordar de um complemento feito pelo saudoso Irmão Alziro Zarur à palavra do Discípulo Amado: “E nada existe fora desse Amor”.

Por conseguinte, também não se sustenta afastado desse Afeto, substância que percorre e mantém viva a Alma, como o sangue não permite que o corpo humano gangrene, ao levar vida a todas as suas partes.

Na verdade, a luta é grande; os obstáculos, muitos. É um desafio que nos aponta a importância de cuidarmos para que não falte aos nossos filhos o alimento material. Todavia, não nos esquecendo, antes de tudo, de os saciar espiritualmente, conforme defendemos na Pedagogia do Afeto e na Pedagogia do Cidadão Ecumênico. E por que as chamamos assim? Ora, primeiro, porque o Ecumenismo é para isto: em vez de nos matarmos por causa de religião, de ciência, de ideologia, de filosofia, de política, de clubes de futebol, ou o que mais o seja, devemo-nos unir ecumenicamente. Precisamos seguir em frente sem levar em consideração se a pessoa é negra, branca, amarela, mestiça — aliás, toda a população terrena é mestiça — e levantar quem estiver caído na vala comum da miséria física, social, moral ou espiritual. Esse é o Ecumenismo sem fronteiras que pregamos. Segundo, porque de Afeto andam carecendo os povos por todo o mundo.

Continua faltando Humanidade à humanidade. Você está rindo dessa argumentação? Perdeu a fé nas criaturas? Desistiu de usar sua inteligência em prol de tempos melhores? Então, não se queixe da violência. E não haverá muro ou cerca eletrificada que possa salvá-lo, ou salvá-la, dessa grosseria que apavora as ruas, porquanto a violência pode estar dentro da sua própria casa. Aliás, basta assistir aos noticiários e veremos como a violência endêmica vem soterrando a sociedade. Daí a urgência do bom relacionamento na família, que é a base de uma nação.

Temos de propagar a Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico, porque, fortalecidos no seu caráter, convictos de que habitamos um único planeta, nossos jovens se tornarão imbatíveis nos assuntos que merecem o respeito e a decisão de todos. Alcançarão as vitórias que tanto almejamos para eles, assim como para os filhos de outros pais. A felicidade segura de uma família depende do bem-estar de todas. O Amor, ou, lamentavelmente, a dor, ensinará essa verdade à consciência das multidões, no transcurso das épocas.

Que nossos filhos estejam bem-vestidos, alimentados, nutridos, medicados quanto se fizer preciso. Mas, acima de tudo, protegidos das más influências espirituais e psíquicas, que fatalmente resultam nos males físicos e sociais.

Feliz Dia dos Pais com Jesus!

José de Paiva Netto — Jornalista, radialista e escritor.

paivanetto@lbv.org.brwww.boavontade.com