Assisto a muitos noticiários e acompanho vários analistas políticos. Embora haja divergência entre eles em vários assuntos, a maioria, como eu, faz oposição a este governo, incompetente e com tendências antidemocráticas.
É claro que isso é uma bolha, mas quando vejo os argumentos das pessoas de fora dela, percebo que é a certa.
Quem defende tratamento precoce para a COVID não consegue apresentar um estudo sério e respeitado que corrobore sua aplicação, não há provas sobre fraude nas eleições para justificar o gasto de R$ 2 bilhões com o voto impresso, as estatísticas comprovam que, ao invés de aumentar a segurança individual, armar a população dificulta a segurança pública e aumenta o número de mortes por armas de fogo, nosso comércio exterior  está sendo prejudicado pela devastação ambiental, pelas posturas e ataques às minorias, nossa economia demora mais a reagir pela falta de vacinas do que devido às restrições impostas pela pandemia…
Percebo, porém, que mais do que ignorar fatos, ciência e leis que norteiam àqueles que torcem por um impeachment ou, pelo menos, para que Bolsonaro não se reeleja, seus apoiadores fazem constantes revisões em suas crenças para adequá-las a cada momento do mito, que se vendeu como incorruptível, mas, na primeira desavença, demitiu Moro, até então considerado um baluarte do combate à corrupção e que caiu atirando sobre a intenção de interferência na PF. Como explicar o áudio da cunhada acusando o Jair de peculato, as denúncias envolvendo vacinas e a prevaricação?
E o que dizer da aliança com o Centrão, que ele chamava de velha política, o apoio à eleição do Lira – réu no STF por corrupção, o bilionário orçamento secreto para a compra de congressistas, o fundão, a cessão de espaço dos militares e de Guedes ao PP, tido como um dos mais fisiológicos partidos do País? Ciro Nogueira na Casa Civil?
Confesso-me meio depressiva desde o resultado das urnas em 2018, mas me consola pensar que, para mim, seria muito pior estar do lado de lá.