18/01/2022, 21:27
Mais de 30% dos pacientes oncológicos apresentam transtornos psicológicos durante o tratamento
O diagnóstico positivo para câncer, o início ou a mudança de tratamento, a fase dos exames são os períodos de maior vulnerabilidade psicológica para pacientes oncológicos. Mais de 30% dessas pessoas apresenta algum transtorno em algum momento do combate à doença. Essa é a estimativa da psicóloga Cristiane Decat Bergerot, do Centro de Câncer de Brasília (Cettro).
Segundo ela, os transtornos mais frequentes ocorrem na adaptação do tratamento, quando soma-se um misto de ansiedade e depressão. “Se for identificado precocemente, é possível resgatar o equilíbrio emocional desse paciente, melhorando o enfrentamento do tumor e sua qualidade de vida”, enfatiza a especialista.
No primeiro mês do ano, o tema da saúde mental fica em evidência. Os debates da campanha Janeiro Branco visam alertar e sensibilizar sobre a importância do cuidado com esse aspecto. Porém, Cristiane Decat Bergerot defende que o assunto não deve ficar restrito a uma data, mas gerar uma discussão permanente.
“O papel da psico-oncologia é identificar, avaliar e tratar os sintomas emocionais que possam tornar esse processo mais sofrido e doloroso para que, em equipe, possamos escolher a melhor estratégia para manejo e tratamento dos sintomas reportados pelo paciente”, explica a profissional.
Fatores de risco
A psicóloga Cristiane Decat Bergerot elenca fatores que precisam ser observados. Dentre eles está a idade do paciente (jovem), o tipo de câncer (pulmão e pâncreas são os mais preocupantes) e se a doença chegou à fase metastáticas – com formação de uma nova lesão tumoral a partir de outra, mas sem continuidade entre as duas.
“Eu também chamaria a atenção para aqueles pacientes com inadequado suporte social e familiar ou com histórico de transtorno depressivo, síndrome de pânico e transtorno de ansiedade generalizada”, descreve.
Preocupado com a qualidade de vida dessas pessoas, o Cettro estabeleceu um programa de avaliação continuada para mensurar o risco psicológico. Essa avaliação foi proposta justamente para os momentos de maior evolução da doença, com o objetivo de acompanhar de maneira ativa, constante e construtiva a evolução do tratamento.