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14/06/2022, 15:23

Meio século de muito remelexo

Quando Torres do Rojão badala aquele mesmo triângulo que ostenta como um troféu há é sinal de que o forró vai ser moído. E neste mês, o músico faz isso mais uma vez, mas para celebrar os 50 anos de Trio Siridó, um dos grupos de pé de serra mais tradicionais do Distrito Federal.

“Eu ainda não estou acreditando que cheguei aqui. Há meio século eu faço a mesma coisa e cada vez parece ser a primeira. Não faço nem ideia da quantidade de vezes que toquei esse instrumento, mas sei que jamais vou parar de tocá-lo”, conta o emocionado paraibano.

José Torres da Silva tem 79 anos nasceu em Campina Grande (PB). Sua primeira experiência no palco foi logo com Luiz Gonzaga. Depois dessa parceria, ele ainda se apresentou com Jacinto Silva, Déo do Baião, Jackson do Pandeiro e o sanfoneiro Camarão, até chegar a Brasília em 1962 e nunca mais sair.

Fundador e único integrante que está desde o início do Trio Siridó, Torres do Rojão mostra o mesmo vigor de sempre em suas apresentações. E é exatamente o que ele precisa neste mês, quando as festas juninas voltaram com tudo após dois anos de isolamento por conta da pandemia da covid-19.

Ao longo de junho, a trupe se apresenta na praça de São Sebastião, no Circuito de Quadrilhas Sudoeste, no São João da Casa do Ceará e em festas em Ceilândia, Samambaia, Taguatinga e Recanto das Emas entre outras.

Porém, uma das maiores expectativas está para o quinto São João do Guará, uma das celebrações que promete estar entre as maiores do DF neste ano. “Vamos fazer a abertura no dia 23. Estou tão animado que parece nossa estreia. Vai ser emocionante”, destaca o trianglista. “Vamos colocar milhares de pessoas naquela arena. Quem não for, vai se assustar quando a poeira subir. Vai dar para ver até da lua”, empolga-se Rojão.

Inspirados, obviamente, no poeta do Sertão Luiz Gonzaga, a banda aposta nas músicas clássicas do Rei do Baião. Entre elas, Asa Branca e Pagode Russo. Porém, eles não esquecem das autorais de seus mais de 20 discos lançados, principalmente Carregadinho de Amor. “É nosso hino. Essa música tem mais de 20 anos e transmite a mesma emoção toda vez que tocamos”, conta o fundador do conjunto.

Nos últimos dois anos, em meio ao auge da pandemia e a corrida para a vacinação, o trio apostou em livres, como praticamente todos os artistas. Porém. Rajão frisa: “Em alguns momentos, cheguei a pensar que não subiria mais em um palco. Eu não tinha perdido as esperanças, mas eu estava com receio. Quem não estava?”. O retorno ocorreu em abriu, em casas de shows e bares brasilienses.

Após meio século de forró, o músico pensa no futuro, mas sem fazer planos mirabolantes. Questionado acerca do que ele espera, Rajão usou de simplicidade na resposta: “Apenas poder voltar a alegra os amantes do pé de serra. O resto a gente vai vendo… aos poucos… sem pressa.”

História
O início da trajetória do trio mais tradicional data de 1972. Torres do Rojão se juntou a Tico e Calango apenas para fazer forró.

Durante a carreira tocaram outras vezes com o Rei do Baião. O Trio Siridó teve a honra de ser a banda de apoio principal nos shows de Luiz Gonzaga no DF.

Quinto São João do Guará
Evento ocorre nos dias 23, 24, 25 e 26 deste mês após dois anos de pandemia, com expectativa de público de 10 mil pessoas por dia, na arena de cerca de 2 mil metros quadrados montada na EQ 19/34 (em frente ao Edifício Consei), no Guará II.

Além do Trio Siridó, apresentam-se na festa a Banda Bonsai, Leon Correia, Alan Morais, Farinha com Rapadura, Trio Sanfona Nova e Menino Ricco, entre outras atrações e diversas quadrilhas juninas do DF.

Quinto São João do Guará
Data: de 23 a 26 de junho
Local: EQ 19/34 (em frente ao Edifício Consei)
Horário: a partir das 17 horas
Atrações: bandas tradicionais e quadrilhas juninas
Ingressos: R$ 15 (crianças até 12 anos, pessoas a partir dos 60 anos e pessoas com deficiência têm gratuidade)
Ponto de venda: no local
Classificação indicativa: livre