Curtindo a lua de mel com o marido cheio da grana num resort de luxo no Havaí, Rachel (Alexandra Daddario) vê-se subitamente tomada por dúvidas existenciais que problematizam seu papel de mulher e esposa naquele contexto: será que cometeu um erro ao casar-se? Seria seu marido um idiota completo? Viverá uma vida de bonequinha de luxo, abrindo mão da carreira que construiu com tanto esforço? Não seria melhor tomar uma atitude drástica e separar logo? O que fazer?

Comparados aos de Belinda (Natasha Rothwell), a gerente do spa, seus problemas parecem tão banais que mal merecem um ruído de enfado. Tanto que a atarefada, explorada e sobrecarregada funcionária a deixa falando sozinha e chorando as pitangas dos seus “white people problems” (expressão que significa problemas de pessoas brancas, em geral fúteis e descolados da realidade).

Embora guarde alguma semelhança com a fórmula “aristocratas x plebeus” da série inglesa Downton Abbey, a dinâmica “milionários surtados x trabalhadores estressados” de The White Lotus, escrita e dirigida por Mark White pra HBO, se ocupa de assuntos pra lá de atuais, destilando ironia e sarcasmo. Além da problemática recém-casada, o espectador vai conhecer os dramas ridículos de um homem que descobriu que seu pai era homossexual, uma vampira emocional às voltas com as cinzas da mãe e um gerente em recuperação da dependência química que quando bebe perde a linha, além de duas adolescentes que vivem com as caras enterradas em livros de Freud, Nietzsche, Schopenhauer e outros pensadores da pesada.

Todos circulando pelas dependências do paradisíaco hotel The White Lotus, cenário de crimes, intrigas, orgias, barracos e cenas hilárias que garantem seu lugar como uma das melhores surpresas da temporada.

 

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