15/02/2023, 09:13
“ Minha loucura pela arte seria suficiente para me manter fazendo tudo que faço. ”
por Felipe Lucchesi
Colunista: Felipe Lucchesi
Wander B. faz da cidade de São Paulo, o seu próprio palco. Não é à toa que seu trabalho mais recente foi lançado no dia 25 de Janeiro desde ano (data em que também comemora-se o aniversário da cidade de São Paulo).
A sua mente é inquietante e a pluralidade da sua Arte, atuante: na sua trajetória profissional permitiu-se envolver-se com teatro, cinema e literatura.
As composições que integram “ Enquanto houver um tempo e um troco ”, exprimem a criatividade, o ritmo e a responsabilidade de um Artista que sabe, através da própria vivência mas também, da observação da sociedade, os incômodos, a necessidade de liberdade e o olhar atento às injustiças, que conduzem a rotina de quem acorda todos os dias com o intuito de realizar um sonho, que por muitos, é considerado impossível.
Quais são as feridas da sua vontade?
Entrevista Exclusiva
Wander B.
Felipe Lucchesi (Jornalista) – Como surgiu a música na sua vida?
Wander B. (Cantor) – Tenho memórias de ouvir os discos do Cauby Peixoto e da Elis Regina com o meu pai ainda na infância. Lembro do Ney Matogrosso fazendo suas performances na TV aberta aos domingos, os figurinos dele movimentavam muito a minha imaginação, era como se ele fosse uma espécie de super herói e seus super poderes fossem cantar e dançar. Essa minha impressão infantil estava muito correta. Ainda na adolescência, senti que precisava me colocar no mundo através da arte, foi um chamado, uma vocação manifesta. A música era uma coisa mais presente no meu meio do que as outras artes, assim eu comecei a compor meus primeiros versos e fui em direção ao que seriam meus primeiros shows e performances de rua, cantando e vivendo aquelas canções com o meu corpo em movimento.
Felipe Lucchesi (Jornalista) – A partir de qual momento percebeu que lidaria com a música de maneira profissional?
Wander B. (Cantor) – Eu estava fazendo jornalismo, minha primeira aventura acadêmica que não cheguei a concluir. Ali eu senti que a arte era uma coisa muito forte dentro de mim, eu passava mais tempo interessado em cantar nos bares e arredores da faculdade do que estudando as disciplinas do curso. Isso foi se agravando até chegar o dia em que eu assumi para mim e para o mundo que bancaria essa minha aventura com a música e com o teatro.
Felipe Lucchesi (Jornalista) – A sua criatividade para compor as músicas surge a partir de um incômodo, de um vivência…como surge?
Wander B. (Cantor) – Faço isso há muitos anos, mais de duas décadas fazendo canções. Então eu as encontro (e elas me encontram) das formas mais variadas. Pode ser uma imagem na rua que te atravessa, pode ser um filme que você assistiu e te inquietou, pode ser uma melodia que surge na cabeça no meio da madrugada pedindo um momento da sua insônia. Pode ser uma coisa muito espontânea, mas pode ser também um exercício criativo de sentar com o instrumento sem ter nenhuma inspiração e jogar com as notas e palavras.
Felipe Lucchesi (Jornalista) – Qual o grande desafio em empreender no meio musical?
Wander B. (Cantor) – O mercado da música passou por muitas mudanças nesses meus anos de estrada. Quando comecei, as gravadoras estavam enfrentando pirataria de CDs e começavam a sentir o baque comercial trazido pela internet com o download de MP3. Hoje a indústria fonográfica se reanimou com o streaming e isso de certa forma aqueceu a cadeia produtiva como um todo. Dessas vivências, o que me parece ser muito importante é a informação: como eu gostaria de ter tido mais informações sobre o mercado da música no começo da minha carreira, tudo ali se fazia 100% na intuição, as informações estavam nas mãos de pouquíssimas pessoas. Afora a informação, um problema de todas as épocas é encontrar as parcerias corretas, as pessoas que junto com você podem fazer a diferença, seja na hora de tocar, falo de músicos alinhados em torno de um desejo em comum, seja na hora de vender e produzir os shows, o staff que está com você é fundamental.
Felipe Lucchesi (Jornalista) – Quais artistas lhe inspiram?
Wander B. (Cantor) – No teatro, mestra Denise Stoklos e eterno Antônio Abujamra. Na música, já citei Ney, Elis, Cauby, cito também os gringos, Iggy Pop, David Bowie e Lou Reed. Gosto do que é intenso, não tenho cura.
Felipe Lucchesi (Jornalista) – O que faz você continuar investindo no seu talento?
Wander B. (Cantor) – Costumo dizer que minha loucura pela arte seria suficiente para me manter fazendo tudo que faço mesmo que ninguém tivesse interesse por nenhuma das minhas criações artísticas. Mas essa não é a realidade, eu sei o quanto eu movimentei o afeto das pessoas nesses anos todos de carreira, sei o quanto o que faço mexe com a imaginação e os sentidos de quem me encontra – e por isso quero seguir fazendo, cada vez mais e mais e mais.
Felipe Lucchesi (Jornalista) – Participaria de algum reality show envolvendo música?
Wander B. (Cantor) – Sou um pouco reticente com os formatos, sempre que um conhecido está participando, eu ligo a TV pra torcer, eu peço pra minha turma acompanhar e votar: eu sei o quanto de sonho existe num artista que se lança numa aventura como essa. De minha parte, acredito que toparia participar de um programa cujo foco fosse mais no repertório e menos na técnica vocal, como os que temos no ar hoje.
Serviço
Wander B.
Site oficial
Instagram
Youtube
Facebook
Tags: cantor, carreira, entrevista, Exclusiva, Felipe Lucchesi, Jornal Alô Brasília, musica, músico, trabalho, Wander B