11/01/2023, 09:16
Mostra Movimento Armorial, no CCBB, se despede dia 15 com shows de ritmos afro
Concebida para comemorar os 50 anos de sua criação pelo mestre Ariano Suassuna no ano de 1970, a Mostra Movimento Armorial 50 Anos cumpriu longas temporadas em Belo Horizonte, onde estreou, depois esteve nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.
Para o encerramento da itinerância da mostra, em Brasília, o Centro Cultural Banco do Brasil convida o público para assistir, dia 15 de janeiro de 2023, domingo, a três shows musicais com entrada franca, a partir das 16h30 e de classificação indicativa livre para todos os públicos. Ingressos já disponíveis em https://ingressos.ccbb.com.br/exposicao-movimento-armorial-50-anos__275.
Por onde passou, a Mostra levou um conjunto de eventos culturais de forma que, o público de cada CCBB pudesse apreciar toda a riqueza deste Movimento de valorização da cultura genuinamente nordestina. Além do conjunto de obras visuais da exposição, a Mostra apresentou 15 espetáculos musicais, 20 ciclos de conversas, exibição de documentário e oficinas de xilogravura. Mais de 250 mil pessoas, de todas as idades, visitaram as quatro temporadas da Mostra.
Idealizada por Regina Rosa, Mostra Movimento Armorial 50 Anos se despede com um encontro de artistas nordestinos, residentes em Brasília, que ressaltam em seus trabalhos musicais as tradições da cultura negra, enaltecida por Ariano: Martinha do Coco, Baque Mulher – Nação Maracatu Encanto do Pina de Brasília e Encantaria das Matas.
As apresentações têm início no Vão do CCBB, às 16h30, com Martinha do Coco. Em seguida, saindo da Galeria II, o grupo Baque Mulher conduz um cortejo que sobre a Rampa, que dá acesso à Galeria I, atravessa o Deck, passeia pelo Jardim, contornando a área externa do Teatro, e retorna ao Vão, onde se encontra com o Encantaria e, juntos, formam uma grande roda dançante. No caso de chuva, os shows se concentrarão no Vão e Rampa.
Enraizadas na essência da cultura popular brasileira, as três atrações apresentam ritmos afro nas versões Roda de Coco, Maracatu de Baque Virado e o Som de Tambores. A escolha deste conjunto de shows por Regina, ao que denominou Referências Armoriais, se deu por “apresentarem um recorte da versatilidade sonora que influenciou Ariano Suassuna a pensar numa arte popular e erudita caminhando juntas”, justifica.
Nas palavras da idealizadora, encerrar a itinerância do projeto com estas apresentações mostra ao público o encantamento “para vibrar e manter viva a cultura popular, com seus cantos, instrumentos e principalmente suas histórias, que inspiraram o início e a continuidade do Movimento Armorial”, acentua Regina Rosa e cita frase do consultor em Arte Armorial, Carlos Newton Junior, “O Movimento, permanece vivo e atual, na medida em que sua poética continua inspirando artistas por todo o Brasil”.
O Movimento Armorial lançado em 1970 difundiu-se, articulando produções artísticas no âmbito da música, das artes plásticas, da literatura, do teatro e das poéticas do corpo, desdobrando também os caminhos que Ariano Suassuna empreendia em sua trajetória de dramaturgo. Seu objetivo principal foi produzir uma arte brasileira erudita autêntica, tendo como matéria prima elementos das raízes culturais do Nordeste do Brasil, valorizando e revelando nossa cultura popular.
Sobre os artistas
Martinha do Coco
Mulher negra e periférica, a pernambucana é hoje referência de tradição para os moradores no Distrito Federal e teve seu reconhecimento como Mestra pelo Prêmio da Cultura Popular da Secretaria de Cultura do DF. Há mais de quinze anos produz arte e cultura popular em todo Distrito Federal, é incontestável em seus saberes e fazeres, e também na descontração. E nessa energia, celebra a Cultura dos Encontros, que tem como proposta a interação da mestra Martinha com artistas, conectados às pautas de transformação social, educação, arte, cultura, negritude e afetos.
Encantaria das Matas
Consagrando o sagrado e o toque do tambor, o grupo brasiliense contempla as mais diversas formas de comunicar o sagrado por meio da música, através dos toques tirados dos atabaques, maracás e alfaias. Os cantos de trabalho fazem referência à força elementar presente no cotidiano do Brasileiro. Os cantos do grupo consagram a festividade e a força do povo brasileiro. Com o toque de tambor e percussão artesanais, a música evoca a intimidade com o que vem da natureza. “Trazemos a musicalidade, a ancestralidade e a cultura brasileira”, ressalta um dos integrantes, o cantador e arte-educador Apoena Machado. Tocando coco, samba de roda, jongo e ijexá e maracatu, o Encantaria das Matas mostra arte indígena e negra do povo brasileiro. “Trouxemos um pouco dessa força pra esse encontro”, completa Apoena. A Encantaria das Matas chama a força, expressa e alegra.
Baque Mulher – Nação Maracatu Encanto do Pina de Brasília
Grupo de Maracatu exclusivo para Mulheres, fundado em 2008 pela Mestra Joana Cavalcante em Recife-PE com filial criada em Brasília no ano de 2018. O Baque Mulher Brasília recebeu, em 2021, o Prêmio Inspirar, que premia mulheres, lideranças artísticas e culturais, nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco, pelo Instituto Neoenergia. 15 após seu início, o Baque tem 39 filiais espalhadas pelo Brasil e em Lisboa. O Baque Mulher tem como finalidade o desenvolvimento, a manutenção e a disseminação da cultura do maracatu entre mulheres. O maracatu nação, também conhecido como maracatu de baque virado, é uma manifestação artística da cultura popular e carnavalesca da Região Metropolitana do Recife em que um cortejo real desfila pelas ruas, acompanhado de um conjunto musical percussivo.