Uma das grandes competições mundiais afetadas no ano passado pela pandemia do Covid-19 foram os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio. O evento, que reúne atletas do mundo todo em mais de 60 modalidades, seria realizado de julho a agosto de 2020 e foi adiado para o mesmo período em 2021. Porém, com o aumento de casos da doença e a presença de uma nova cepa, colocam em xeque, novamente, o rumo da competição. 

“Estamos vendo as competições nacionais sendo adiadas e isso traz um cenário de incerteza para os competidores, pois não é uma situação onde é possível prever o futuro ou realizar pequenas intervenções. Está fora do nosso poder de decisão”, afirma o multiatleta paraolímpico Estevão Lopes.

No caso de Estevão, a pandemia não apenas ameaça a realização dos Jogos, como colocou fim ao seu sonho de participar de sua primeira Paralimpíada. O esportista estava na luta por uma vaga para os Jogos de Tóquio em três modalidades: paracanoagem, remo paralímpico e vela adaptada. 

“A pandemia nos limitou aos treinos físicos, mas as viagens e os treinos com a embarcação foram comprometidos, o que torna quase impossível manter o condicionamento e a técnica nos padrões olímpicos. Mas eu aprendi com o acidente que é preciso não lamentar e ter paciência”. Em 2012, Estevão Lopes foi atingido por uma bala perdida em Riacho Fundo, região administrativa de Brasília, e ficou paraplégico. “No meu caso, é pensar nos Jogos de Paris”, conta o atleta. 

Para ele, os Jogos Olímpicos de Tóquio estão ameaçados e a única alternativa viável ainda são as bolhas, onde atletas ficam isolados em quarentena antes de irem para as competições. “Esse é um modelo que já está sendo adotado, mas, claro, como eu disse anteriormente, é uma situação sobre a qual não temos controle. Falava-se numa possível normalidade a partir de setembro com a chegada das vacinas, mas é um cenário de incerteza”, declarou. 

Apesar do cenário, Estevão faz questão de ressaltar que é dotado de otimismo e dá a receita de como esses jogos seriam possíveis. “Os atletas poderiam ser vacinados, colocados em quarentena, passar por testes rotineiros, seguindo todos os protocolos de segurança orientados pela Organização Mundial de Saúde, com máscaras adequadas, álcool em gel e, claro, sem público, infelizmente”, finaliza ele. 

Educador físico, Estevão Lopes já competiu em mais de 30 países e disputou três Mundiais de vela adaptada (Holanda, 2016; Alemanha, 2017; e Japão, 2018), foi bicampeão brasileiro e tricampeão brasiliense. No remo paralímpico, conquistou quatro vezes o Brasiliense. Na paracanoagem, garantiu o vice do brasileiro, além de ser campeão brasiliense e tetracampeão do Prêmio Brasília, na categoria Esporte, de Melhores Atletas. Por fim, é o único brasileiro representando o Brasil na Cybathlon, as Olimpíadas Biônicas, sendo finalista na categoria FEScycling.