02/02/2023, 10:57
Neutralidade do Brasil não impedirá agressão da Rússia contra a Ucrânia
por Isabel Almeida
No cenário no qual estamos vivendo, como jornalista que cobre o meio diplomático, quero fazer uma analise sobre o atual momento da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Há poucos dias, o presidente Lula rejeitou o pedido da Alemanha para transferir à Ucrânia munição para tanques Leopard, o presidente argumentou que não queria “provocar a Rússia” por um carregamento de armamento não utilizado pelo Exército brasileiro, com essa atitude, o Brasil deixou de receber quase US$ 5 milhões da Alemanha.
Este não foi o primeiro pedido da Alemanha, já que, em abril do ano passado, Berlim pediu a Brasília a entrega de 300 mil projéteis para sistemas de mísseis antiaéreos Gepard. O Brasil teria concordado com a entrega da munição, mas por razões desconhecidas não o fez.
Durante todo o último ano, a Rússia bombardeou cidades ucranianas, destruindo a infraestrutura civil com seus ataques com mísseis e matando impiedosamente a população civil ucraniana.
Dados oficiais apontam que, desde o início da agressão em grande escala da Rússia contra a Ucrânia, mais de 16.500 pessoas morreram. Até 31 de janeiro de 2023, 459 crianças foram mortas e 917 ficaram feridas em decorrência dos bombardeios russos.
A guerra na Ucrânia tem demonstrado que alguns países equiparam vítimas de agressão a agressores, enquanto o sistema de segurança internacional é incapaz de prevenir ou impedir a violência de uma nação contra outra. Esta é exatamente a situação hoje na Europa Oriental, onde a Rússia atacou traiçoeiramente a soberana Ucrânia com o objetivo de destruí-la completamente. Todos os dias, a continuação da agressão russa leva a mais mortes e destruição.
Enquanto isso, as autoridades russas estão intimidando ativamente os países civilizados do mundo com a possibilidade de guerra mundial, com o uso de armas nucleares, por causa de seu apoio à Ucrânia. Essa ameaça russa mina o regime de não proliferação de armas de destruição em massa desenvolvidos no período pós-guerra.
A reação da maioria dos países do mundo à invasão russa foi a introdução de sanções em resposta. Os países latino-americanos, inclusive, o Brasil, por sua vez, não aderiram às sanções, o que legitima a agressão do governo russo. Foi a neutralidade de muitos países que enfraqueceu a capacidade de resposta rápida à agressão de Putin, que se apresentou como construtora de um novo mundo multipolar “justo”. Em essência, a Rússia está mostrando aos países neutros que o caminho para a justiça multivetorial passa pela destruição da Ucrânia e pelo assassinato de ucranianos.
Esse comportamento da Rússia pode se tornar um exemplo para potenciais agressores de como dividir o mundo para evitar o isolamento total. Isso pode interferir na ordem internacional, dando margem a qualquer país mudar suas fronteiras à força.
Desde o início da guerra, o Brasil evitou críticas diretas à Federação da Rússia, embora em março passado tenha apoiado a resolução da Assembleia Geral da ONU, que condenava a agressão da Rússia contra a Ucrânia e exigia a retirada imediata das tropas russas do território ucraniano.
O povo ucraniano demonstrou sua coragem e resiliência ao mundo. Sua postura resoluta diante da devastação, destruição, terror e tentativa de genocídio inspira a humanidade. Um grande número de países apoia a Ucrânia em sua luta contra uma nova forma de fascismo, fornecendo assistência financeira e militar necessária para derrotar a Rússia no campo de batalha. Afinal, é a derrota da Rússia que permitirá o retorno da paz ao nosso planeta.
Hoje, a Rússia continua a aterrorizar cinicamente os ucranianos com bombardeios, não conseguiram aniquilar as forças ucranianas como imaginavam, o povo ucraniano continua lutando por sua liberdade. A Ucrânia precisa se proteger das agressões russas, e para isso precisa de ajuda com o fornecimento de armas de todo o mundo civilizado, do qual o Brasil, sem dúvida, faz parte.