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10/06/2021, 11:58

O Exército em Xeque

Pazuello absolvido pelo exército parece pouco, se lembrarmos que segue impune, até hoje, o fuzilamento de um músico e um catador de papéis, no Rio, há dois anos, com mais de 80 tiros, numa operação para lá de suspeita.
Sim! Todos os assassinatos realizados por forças de Estados, sejam elas os militares ou policiais, devem ser julgados e punidos, embora isso seja improvável, devido ao corporativismo e, também, por serem apoiadas por uma parcela da sociedade que entende essas mortes como toleráveis, baixas na guerra contra o crime.
A absolvição do ex-ministro, porém, é mais preocupante, pelo que pode representar para nossa frágil democracia. Ainda mais se considerarmos que a aparição do general da ativa no palanque presidencial não foi um acidente, mas um movimento calculado pelo Planalto para pôr em xeque o comandante do Exército, Paulo Sérgio de Oliveira, pouco propenso a apoiar a sanha golpista de Bolsonaro. Se punisse Pazuello, o General Oliveira se veria obrigado a renunciar, pois o presidente provavelmente revogaria a punição aplicada, gerando nova crise de comando na corporação. Não puni-lo abalou a hierarquia da força.
O atual ocupante da cadeira presidencial afirma que somente Deus poderá tirá-lo de lá e, para evitar isso, mais do que rezar, ele segue a cartilha de conhecidos caudilhos, forjando narrativas e atacando as instituições, seja diretamente, como faz com a imprensa, governadores ou outros poderes, seja corrompendo suas bases, como faz com as forças armadas e as polícias, cooptando-as para agirem em sua defesa, junto às milícias e a uma súcia de seguidores fanáticos, por ele armados. Um bando de fracassados ressentidos pelos governos anteriores que lhes tiraram a pretensa superioridade, ao menos, sobre pobres, pretos, mulheres, gays…
O sonho é o autogolpe, mas se não possível, que reste a terra arrasada por uma guerra civil.
Como ao infeliz que, rejeitado, se não o amor, lhe satisfaz a morte do ser amado.