Ando cansada de luto e destruição. Assistir ao noticiário é ver desfilarem desgraças, no DF, no Brasil e no mundo. Uma ou outra boa notícia é, em geral, engolida pela esmagadora maioria que fala sobre crimes, crises, caos… Saudade do tempo em que nossos heróis morriam de overdose na canção. Agora, morrem de COVID, sem licença poética. Ou, ainda pior, morrem em vida, assumindo os posicionamentos mais abjetos, como causas antivacina ou ruptura institucional. E meus inimigos estão no poder.
A pandemia tirou algumas de minhas alegrias, por me privar de contato e de atividades nas quais é difícil evitar o contágio. Mas vai devolver.
O que não volta mais são os amigos queridos que ela levou. E o filho especial de um deles que, sem o plano de saúde do pai, precisou submeter-se a um procedimento pelo SUS e não resistiu.
Estou exausta de morte e desolação e penso que não sou a única. Porém, este esgotamento não pode nos impedir de nosso maior ato de resistência: seguir acreditando. O desalento é tática de manipulação. Uma sociedade sem esperança, é presa fácil para tiranos de qualquer espécie.
É preciso buscar e encontrar razões para manter-se alerta, na luta. Minha vida privada não é de propaganda de margarina, mas tem muitas Delícias, com o perdão do “merchan” não intencional. Povoam meus dias uma família grande e unida, prazeres singelos e pequenas realizações que, se enumeradas, deixariam piegas esta coluna. Meus aliados não marcham todos ao meu lado, mas conduzem nossa bandeira com igual determinação.
E, para minha alegria, existe você, meu caro leitor, que aqui neste espaço, busca energia para superar tanta dor e ruína que se espraiou pelo país, quando essas pessoas nefastas foram alçadas ao poder.
Eu sei que este texto ficou um pouco panfletário. Mas é porque já nos esfalfamos de tanta perda e devastação.