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27/05/2021, 11:48

Paradoxo

Sou protetora de animais, vegana, contra o uso de animais em testes de cosméticos e até medicamentos. Já escrevi sobre isso nesta coluna, em 2013, quando houve a invasão do Instituto Royal por ativistas para o resgate de algumas dezenas de Beagles usados em experimentos.
Na ocasião, citei o Dr. Ray Greek, sobre o quanto as diferenças anatômicas entre as espécies tornam esses testes não apenas inúteis, mas, prejudiciais. Em cães, não se observava os malefícios do cigarro. Nem da Talidomida que, de tão segura em ratos, foi liberada para gestantes humanas, causando má formação genética em milhares de fetos. Por outro lado, 98% dos experimentos em animais são abortados em função dos efeitos colaterais observados. Dói, pensar que a cura do câncer, AIDS, Parkinson ou Alzheimer pode já ter sido encontrada e erroneamente descartada pelos efeitos frustrantes apresentados em cobaias não humanas.
Então, leio a notícia de que a ANVISA autorizou o início de testes em humanos do soro anti-COVID desenvolvido pelo Butantan e sinto uma enorme angústia pelo uso de cavalos para a produção do soro. Imagino os pobres animais presos em baias, sendo diuturnamente espetados para injeção dos patógenos e extração do plasma sanguíneo.
Paradoxalmente, por um egoísta instinto de sobrevivência, não posso negar minha alegria e esperança de que um medicamento realmente eficaz evite as mortes pela doença. Sim! Já temos as vacinas mas, convenhamos… Matematicamente, é muito mais viável tratar os atuais 170 milhões de infectados no Planeta, do que vacinar 70% da população mundial, cerca de 5,3 bilhões de pessoas. Há mais de 50 países no mundo sem expectativa de iniciar a imunização.
Torço que encontrem alternativas sem sofrimento animal para a produção do soro, assim como as há para a realização de testes, mas encerro com uma reverência aos nossos cientistas, heróis que, com pouquíssimos investimentos, ainda conseguem devolver algum alento ao nosso País, tomado que está por essa horda de terraplanistas.