04/01/2022, 21:05
Pesquisadores da Católica participam de projeto na Antártica
m grupo de pesquisadores da Universidade Católica de Brasília (UCB) desembarcou na Antártica para desenvolver um projeto de pesquisa na área de Biotecnologia, como parte do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), o qual coordena a base operacional para a pesquisa na região. O foco da pesquisa é entender a composição genética dos musgos antárticos, que são pequenas plantas, e como eles sobrevivem em um ambiente hostil, com frio intenso, umidade relativa baixa, muito vento, dentre outras características inóspitas.
O grupo de pesquisa da Universidade Católica envolve alunos de Graduação, bem como Mestrado e Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Genômicas e Biotecnologia, além de parcerias externas e internacionais com pesquisadores dos Estados Unidos. O grupo é coordenado pelo professor Dr. Marcelo Henrique Soller Ramada, que está comandando as pesquisas in loco nas Ilhas Antárticas das Shetlands do Sul. Junto do professor, mais quatro pesquisadores (Stephan Machado Dohms, Ana Laura Pereira Lourenço, Lorena Ferreira Peixoto e Amanda Leal da Silva) participam das pesquisas no continente gelado. A União Brasileira de Educação Católica – UBEC, mantenedora da Universidade Católica, fomenta a pesquisa com investimentos. É a primeira vez que a Universidade atua como executora de um projeto na Antártica.
Na Operação Antártica 40 (OPERANTAR XL), da qual o pesquisador faz parte, ele e a equipe ficarão em missão até o dia 15 de fevereiro. “Além de termos interesse em entender a capacidade desses seres de sobreviverem ao ambiente antártico, queremos explorar biotecnologicamente esse conhecimento e assim podermos obter novas moléculas, que podem vir a ser matéria-prima para novos medicamentos anticâncer, antibióticos, antienvelhecimento, dentre outros”, explica o professor.
O grupo iniciou estudos com musgos do Cerrado no início de 2018. Os musgos são parentes próximos das primeiras plantas a conquistarem o ambiente terrestre a milhões de anos atrás e, em geral, podem produzir uma complexidade maior de metabólitos do que outras plantas, como as angiospermas. Na Antártica, esses organismos conseguem sobreviver mais de seis meses abaixo de uma espessa camada de gelo durante o inverno e no início do verão. A pesquisa questiona como essas plantas sobrevivem a essas condições e se seria possível aplicar tais moléculas para resolver problemas da saúde humana ou da agricultura. Após o retorno da equipe ao Brasil, em fevereiro, as pesquisas continuam com a análise e processamento de dados e de material biológico coletados na Antártica.
O Programa Antártico Brasileiro é um programa de Estado brasileiro, criado em 1982, coordenado pela Marinha do Brasil e que envolve diversos ministérios (MD, MCTI, MMA e MRE) e agências de fomento (CNPq e CAPES). O Programa se relaciona com vários países e com o Scientific Committee on Antarctic Research (SCAR), um Comitê Internacional de Pesquisa Antártica, seguindo o disposto no Tratado Antártico e o Protocolo de Madri. “Só a participação em tal programa já é um fato importante para a pesquisa do Distrito Federal. Além disso, a formação de profissionais capacitados, bem como a possibilidade de realizar uma pesquisa em um local pouco acessível, para responder perguntas nunca respondidas antes, e buscar desenvolver novos medicamentos no futuro, são outras contribuições que a pesquisa traz ao DF”, ressalta o especialista.